"O marketing não é uma batalha de produtos, é uma batalha de percepções." (Al Ries)

terça-feira, 14 de outubro de 2014

"Pesquisa não é um oráculo"

* Pelo caráter esclarecedor replico entrevista da Diretora do Ibope - Márcia Cavallari ao Valor Econômico

Duas máximas, uma do marketing político e outra sobre os governantes, parecem ter sido decisivas na escolha dos candidatos nestas eleições. A primeira delas foi cunhada nos Estados Unidos, em 1992, na eleição do ex-presidente Bill Clinton. James Carville, estrategista do democrata, citou uma frase que, a partir dali, passou a definir o que poderia derrubar ou alçar à vitória um candidato: "É a economia, estúpido". A segunda é de 1957 e se tornou um exemplo da tolerância da população brasileira com a corrupção. Na época, o perfil do candidato do PRP, Adhemar de Barros, um tocador de obras monumentais, foi resumido com a seguinte frase: "Rouba, mas faz".
Diferentemente do que tanto se prega, Márcia Cavallari, CEO do Ibope, diz que o brasileiro continua fechando os olhos para a corrupção. "O eleitor ainda pensa: 'Se ele [o candidato] roubar, mas fizer alguma coisa, estou ganhando mais do que com um que não rouba'", afirma a pesquisadora e cientista política, ao justificar votações expressivas em candidatos com o registro cassado pela Lei da Ficha Limpa.
O desempenho da economia é o calcanhar de aquiles das candidaturas. Pragmáticos, os eleitores não querem perder nenhuma das conquistas das últimas duas décadas. Inflação? Nem pensar. Estão de olho no futuro. Buscam fora de casa as melhorias que levaram para dentro. Têm TV, geladeira, máquina de lavar roupa, mas querem um serviço de saúde pública que funcione de fato, segurança e educação. "O eleitor não quer ilusões. Quer coisas tangíveis e em pouco tempo."
Na sala da diretora do Ibope ouve-se, como se estivesse ali dentro, o estrondo do bate-estaca no terreno ao lado do prédio, na esquina da alameda Santos com a rua Augusta. O escritório, em alguns momentos, chega a tremer, sacudido pela força da máquina de 50 toneladas. O impacto, porém, não é tanto se comparado ao barulho das críticas por causa das disparidades entre alguns levantamentos e os resultados da eleição.
Márcia Cavallari trabalha há 32 anos no Ibope e diz estar acostumada às reclamações. Explica que a pesquisa representa um momento e ele seria tão fugaz que poderia mudar em segundos. "Quando entregamos uma pesquisa, ela já é o passado. A pesquisa conta uma história, uma tendência. Não é um oráculo."
Valor: O Ibope foi vendido?
Márcia Cavallari: Por enquanto, não. Tem saído muita especulação. O que existe é que a WPP [uma das maiores agências de publicidade do mundo], um grupo sócio do Ibope na área da mídia, sempre teve interesse em ampliar a participação deles no instituto. Não tem nada fechado. A conversa sempre existiu e continua.
Valor: Vamos à pergunta mais óbvia.
Márcia: Posso eu mesma fazer: o Ibope errou nas eleições? Fomos o único instituto que realizou pesquisas sistematicamente nos 26 Estados, no Distrito Federal e a pesquisa nacional. Fizemos 134 pesquisas. Elas têm o papel de mostrar e informar o eleitor sobre a história da eleição. Se não fossem elas, não saberíamos como a Marina [Silva] entrou na eleição. Não teríamos acompanhado como ela cresceu nem a queda e a recuperação de Aécio [Neves]. Após o debate da TV Globo, as pesquisas detectaram e mostraram que ele estava na frente. A pesquisa conta uma história. Não pretende apontar o futuro, na casa decimal. Não consideramos que erramos porque contamos as histórias de todas as eleições em cada um dos Estados. Apontamos todas as tendências corretamente. O que acontece é que o eleitor decide o voto cada vez mais tarde. Espera os debates, conversa, vai formando sua opinião e muitos só decidem na hora em que entram na cabine para votar.
Valor: São os eleitores que demoram e induzem ao erro?
Márcia: Muita gente fala que o Ibope errou e está pondo a culpa nos eleitores. De forma alguma. O eleitor e o voto são soberanos. Não há pesquisa que substitua a vontade do eleitor e, por isso, a eleição só termina quando ele aperta a tecla "confirma". Se olharmos as curvas de tendência de cada um dos candidatos, podemos notar que o resultado é como se fosse uma continuação das tendências apontadas pelas pesquisas. Como se fosse um ponto a mais nessa tendência. Veja no caso do Aécio: foi 27%, 30% e ele terminou com 33%. O problema é quando há uma mudança brusca. Aí as pesquisas não conseguem captá-la com essa velocidade.
Valor: Esse pode ter sido o caso do Rio Grande do Sul, da Bahia?
Márcia: Bahia, não. A campanha começou com Paulo Souto [DEM] bem na frente. Rui Costa [PT] não era conhecido, foi subindo, crescendo e chegou na véspera da eleição empatado com Souto e um número altíssimo de indecisos.
Valor: Mas ele ganhou no primeiro turno...
Márcia: Na última pesquisa ele estava com 39%. Na boca de urna, tinha 49%. Foi de um dia para outro. Nós dissemos que Rui Costa poderia ganhar naquele dia ou enfrentar Paulo Souto no segundo turno. Não tem nada de errado. É importante dizer que, quando acabamos de fazer uma pesquisa, o resultado dela já reflete o momento anterior. Terminei no sábado, véspera da eleição. Aquilo não é estanque. Os eleitores continuam observando, conversando e podem mudar. Outra coisa que poucos consideram é que a pesquisa mede a opinião das pessoas. E ela muda. A pesquisa corre atrás. A pesquisa conta uma história da eleição, é um filme, uma tendência. Não é um oráculo. 
Valor: A pesquisa influencia os eleitores? Ajuda a criar o chamado voto útil?
Márcia: A pesquisa tem dois efeitos. Um que é institucional e outro direto no eleitor. O institucional, com ou sem divulgação, sempre vai existir. Influencia o caixa da campanha, que pode aumentar ou diminuir de acordo com a posição do candidato na campanha. O humor da militância, as coligações, o espaço que a mídia dá aos candidatos. O eleitor, por sua vez, pode usar a informação para escolher. Isso é legítimo, faz parte da democracia. O efeito não é unidimensional. Fala-se que todos votam de acordo com a pesquisa para não jogar o voto fora. Se fosse assim, quem começava em primeiro sempre terminaria em primeiro. Não é o que se vê. Pelo contrário. Neste ano, em uma das pesquisas perguntamos também quais eram as fontes de informação que o eleitor considerava na hora de decidir o voto. As pesquisas foram apontadas por 7% do eleitorado.
Valor: Quais eram as outras e qual era a mais importante?
Márcia: A mais importante era o noticiário da televisão, com 55%. A internet tem 20% [somando portais, blogs etc.]; a propaganda eleitoral gratuita influencia 26%; o noticiário dos jornais e o debate têm esse percentual também. E 48% dizem que decidem em conversas com amigos, familiares etc. Na eleição de 1989, veja só, começávamos a pesquisa nos interiores mais longínquos até chegarmos às capitais. Por quê? Porque se existisse algum fato importante, ele influenciaria as capitais e levaria um tempo até se refletir no interior. Hoje todos têm acesso simultaneamente à informação. A pesquisa é só mais uma informação.
Valor: A velocidade e a quantidade de informações disponíveis podem explicar essa decisão tardia dos eleitores?
Márcia: Podem, sim. E a democracia consolidada também. O eleitor foi aprendendo, teve decepções. Veja o exemplo da eleição de Fernando Collor: foi uma decepção para os eleitores. O eleitor que votou nele, hoje diz: "Errei". Por isso, o eleitor espera. Quer ver se não vai aparecer nenhuma denúncia, quer ver o debate, acompanha os últimos dias. Nas últimas pesquisas que fizemos, quando o eleitor falava em quem ia votar, perguntávamos se a decisão era definitiva, se era uma preferência e se havia chance de mudar. Cerca de 40% nos diziam que a decisão não era definitiva. Na pesquisa de quinta-feira [dia 2] entre os eleitores de Aécio, 63% diziam que a decisão era definitiva; 23%, que era firme, mas ainda poderiam mudar; 11% diziam que era só uma preferência. Entre os eleitores da presidente Dilma [Rousseff], 67% não mudariam e os de Marina eram 63%. Existia ainda um espaço de movimentação do voto, isso quer dizer troca. Na reta final, Aécio pegou votos de Marina e de Dilma também.
Valor: No começo do período eleitoral se falava em grande número de votos nulos, brancos...
Márcia: O nível de interesse pela eleição foi baixo durante boa parte da campanha. Talvez pela Copa do Mundo, que foi aqui, o interesse tenha começado mais tarde. Na verdade, mais de 50% passaram a dizer que se interessavam depois que Marina entrou na campanha. Interpretamos isso como a influência ainda das manifestações de junho de 2013 associadas à ideia de que os candidatos postos não representavam esse desejo de mudança. Quando ela entrou, os eleitores pensaram que ela poderia atender a essa expectativa. A chegada de Marina diminuiu pela metade o número de eleitores que diziam não saber em quem votar.
Valor: Como ela perdeu esse capital? Foram os ataques da oposição?
Márcia: Ela não conseguiu se sustentar, mas não foram só os ataques. As idas e vindas de opinião deixaram os eleitores inseguros e isso levou à queda lenta e gradual da candidata.
Valor: A estrutura partidária teve algum peso na queda?
Márcia: Ninguém vota pensando no partido. Só no candidato. A identificação partidária dos eleitores brasileiros é baixíssima. Os candidatos mudam de partido a cada hora, portanto as pessoas não consideram isso. O problema com Marina é que o eleitorado começou a sentir insegurança nela mesma: "Falou isso, agora voltou atrás. Falou aquilo, agora voltou atrás. Como assim?" Teve também a maneira como ela se posicionou diante dos ataques, que passou fragilidade. No imaginário, o presidente da República é alguém forte, firme. Outro ponto foi o fato de que o Brasil, há três eleições [desde a reeleição de Lula em 2006], tem uma clivagem social muito forte, o país fica bem dividido. Em 2002, Lula teve uma votação muito homogênea no Brasil. O escândalo do mensalão começou a dividir o eleitorado. Sul e Sudeste votando no PSDB e Norte e Nordeste, no PT. Em 2010, Dilma herdou esse eleitorado e, agora, o Brasil continua dividido em vermelho e azul. Mas, quando começou o mandato, ela conquistou esse eleitorado. As manifestações tiraram esse eleitor dela e ele nunca mais voltou.
Valor: Os padrinhos políticos ajudam?
Márcia: No caso do ex-presidente Lula, sim: 40% dos eleitores declaram que o apoio dele aumenta a vontade de votar em um candidato. Esse índice é o dobro do de outros possíveis apoiadores.
"Eleitor não quer ilusões. Quer coisas tangíveis"


Valor: Quais são os pontos negativos que mais atingem os candidatos?
Márcia: No segundo mandato de Lula a economia cresceu muito. A variação da renda média familiar ficou acima da variação do PIB, começamos a caminhar para o pleno emprego. Quando os eleitores elegeram Dilma, eles tinham o desejo de continuidade dessas conquistas. Ela foi eleita para continuar o caminho que fora trilhado por Lula. O que os eleitores pensavam: "A economia está estabilizada e dentro de casa está tudo bem, temos TV, geladeira, carro. Mas fora de casa está ruim. Eu não consigo ser atendido no posto médico; quando preciso de segurança, não sei se volto para casa; não tenho educação de qualidade para os meus filhos". Aí vieram as manifestações de "educação padrão Fifa", "saúde padrão Fifa", "segurança padrão Fifa". O que os eleitores querem? Que o país avance sem perder o que já conquistaram: "Não quero perder nada, quero mais. E não vem falar que a economia está estagnada". A economia é sempre o item mais importante na eleição presidencial.
Valor: Não se esperava uma influência maior das manifestações na votação dos candidatos?
Márcia: O problema é que elas não tiveram um líder. O ganho delas foi perdido. O eleitor, sem isso, começou a avaliar o cardápio de candidatos pensando qual deles teria mais condições de fazer o país ou o Estado avançarem. Não teve renovação política. O que pesou foi a proposta.
Valor: Nas pesquisas, cerca de 70% dos eleitores manifestavam o desejo de mudança. Olhando os resultados, isso não se concretizou no voto. O que ocorreu?
Márcia: O eleitor está cada vez mais pragmático, mais crítico, informado e busca ganhos tangíveis a curto prazo. Escolhe o candidato em quem vê a possibilidade de uma mudança rápida. Ele não quer esperar. Não há muito espaço para ilusões.
Valor: No caso do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, cujos índices de aprovação eram muito aquém da votação que obteve para eleger-se em primeiro turno, o que ocorreu?
Márcia: Foi simples. O eleitor pensou: "Entre esses candidatos e o atual governante vou ficar com isso mesmo". O desejo de mudança não diminuiu. Outra novidade foi que em mais de 30 anos de trabalho com pesquisa, nunca vi o eleitor falar que o governante deve respeitá-lo. Antes desta eleição, a palavra respeito não fazia parte do vocabulário. O eleitor quer ser o protagonista, quer saber por que lhe prometeram algo e não entregaram. Dar beijinho em criança não comove mais ninguém.
Valor: Qual seria o maior erro de um candidato em campanha?
Márcia: Do ponto de vista da opinião pública, qualquer ideia que passe a impressão de perder o que já foi conquistado é inadmissível. A estabilidade econômica, a oferta de emprego, os programas sociais são prioritários. Por isso funcionou a campanha do medo contra a Marina.
Valor: E as denúncias de corrupção podem derrubar um candidato?
Márcia: Nosso eleitor já tem o pressuposto de que a corrupção faz parte da política. Portanto, nesse aspecto, não existe um candidato melhor do que o outro. As denúncias de corrupção, em muitos casos, são tão complexas que o eleitor médio tem dificuldade de entendê-las. A denúncia aparece, some, a mídia não fala mais. Existem atos concretos. Por exemplo, se aparecer um candidato pegando dinheiro, isso será muito ruim para ele.
Valor: Mas e o caso do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, que foi filmado recebendo dinheiro que seria de propina e, no entanto, aparecia como favorito nas pesquisas?
Márcia: Nesse caso, aconteceu que o governador Agnelo Queiroz fez uma gestão tão mal avaliada que tudo passou a ser relativo. O eleitor dizia: "O outro [Arruda] estava roubando, mas estava fazendo". Agnelo, junto com a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalva, aparecia como um dos piores governadores. Arruda era bem avaliado. O crivo da corrupção não é tão linear. O eleitor ainda pensa: "Se ele roubar, mas fizer alguma coisa para mim, estou ganhando mais do que com um que não rouba".
Valor: Durante a campanha o eleitor desconfia das denúncias?
Márcia: Desconfia, sim. E o eleitor parte do pressuposto de que numa campanha sempre haverá denúncias e que na política ninguém é santo.
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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Marina no JN: entre o discurso vazio de uma "nova política" e a prática



A entrevista começou direto com o caso dos laranjas do avião do PSB. O mesmo acidente que provocou a comoção com a morte de Eduardo Campos e vem sendo constantemente explorado pela candidata Marina, também pode se tornar um calcanhar de aquiles nessa mesma campanha. 

A candidata falou, falou, ninguém entendeu nada, depois ela recorreu a resposta padrão: "estamos aguardando a investigação da Polícia Federal". Mais de 6 minutos se passaram com Marina bastante enrolada nesse tema e ainda terminou com a afirmação de que o avião seria uma forma de empréstimo que depois seria ressarcido pelo Comitê Financeiro da campanha. Questiono como esses longos minutos foram percebidos pelo eleitorado.

O fraco desempenho da ex-candidata do PV nas eleições de 2010 em seu Estado natal, no Acre, foi outro tema abordado e que também não vi bom desempenho nas respostas de Marina. As justificativas que era um partido pequeno (revela ingratidão ao PV), pouco tempo de TV (seria importante no próprio berço político?), nesse estado é preciso ser filho de político, de gente poderosa, para se eleger (rotulou os acreanos de elitistas), por fim, perdeu a cabeça e foi agressiva com a entrevistadora Patrícia Poeta.

Em relação a atual chapa, e seu vice Beto Albuquerque, a questão colocada foi se não seria a união de opostos como se faz na "velha política". A candidata admitiu algumas diferenças mas ressaltou os aspectos positivos da aliança, reforçou que houveram trabalhos conjuntos e terminou dizendo que ela não é intransigente como muitos pensam.

O formato dessa entrevista não privilegia as propostas, o projeto para o país, mas mesmo tendo apenas 90 segundos Marina Silva preferiu discutir as disputas políticas do que realçar qualquer nova ideia de gestão para o Brasil. Conclui dizendo que "quer uma agenda para mudar o Brasil", mas de todos os entrevistados foi quem não mencionou uma única ideia para viabilizar essa própria agenda. 

Enfim, me assusta a falta de conteúdo demonstrado e só me leva a imaginar que as intenções de votos apresentadas até o momento estão infladas pelo componente emocional do acidente. Caso isso a leve para o segundo turno será difícil manter essa atitude cristalizada nos eleitores por tanto tempo. 

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Debate da Band

Comentários ao vivo do debate eleitoral da Band entre os candidatos à presidência do Brasil no twitter da Logos Consultoria e Pesquisa:

https://twitter.com/pesquisa_logos

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Dilma no JN: bem na defesa, no ataque nem tanto

http://globotv.globo.com/rede-globo/jornal-nacional/v/dilma-rousseff-e-entrevistada-no-jornal-nacional/3572518/

Primeiro, precisamos apontar a péssima condução da entrevista por um Bonner que parecia mais seu colega de emissora Fausto Silva, conseguindo falar mais que seu entrevistado. E de uma Patrícia Poeta que parecia estar sob efeito de medicamentos, totalmente perdida, repetindo as mesmas palavras independente das respostas de sua entrevistada.


A entrevista foi iniciada com o tema corrupção, Dilma Rousseff se defendeu bem ressaltando a autonomia dada aos órgãos de controle, lei de acesso a informação, portal da transparência, etc. No entanto, assim como alguns treinadores do futebol brasileiro, a presidenta se alongou na defesa e perdeu tempo para contra atacar. Exemplifico no momento que ela cita nome dos secretários trocados, que 90% do público não conhece. Com isso, ela perdeu tempo para reforçar uma postura ética pessoal e partidária.

No tema mensalão, a candidata do PT estrategicamente se manteve neutra. Com certeza, orientação de sua equipe de marketing político. A escolha foi buscar pontos com o eleitorado, mesmo que perdesse pontos com o próprio partido.

As respostas dos questionamentos sobre saúde começaram por uma explicação técnica do programa Mais Médicos, tiveram bom início mas novamente se alongou muito na defesa e não houve tempo para apresentação de avanços.

Dilma se defendeu no tema economia através dos dados sociais, como o baixo desemprego e valorização do salário mínimo, apontou para um melhor cenário no segundo semestre mas não teve tempo de subsidiar sua resposta.

Da mesma forma que os candidatos anteriores, não houve tempo para as novas propostas. No futebol diríamos que a candidata a reeleição jogou na retranca, se defendeu muito (até com competência), mas, faltaram novas propostas, e principalmente, ressaltar ainda mais as conquistas de seu governo. Esse último ponto é crucial na estratégia de um candidato que busca um novo mandato.      


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

EDUARDO CAMPOS NO JN: entre promessas vazias e explicações do inexplicável!

http://globotv.globo.com/rede-globo/jornal-nacional/v/eduardo-campos-e-entrevistado-no-jornal-nacional/3559937/

A sabatina começou já desconstruindo uma série de promessas do candidato, "como cumpri-las sem aumentar os gastos públicos?" Campos falou, falou e não respondeu! Muito vago, prolixo e longe de explicar como vai colocar em prática tudo o que está prometendo.


Assim como Aécio, o candidato do PSB bateu bastante na inflação, fez fortes críticas a atual política econômica. As pesquisas deverão revelar adiante o quanto essa estratégia do "medo da inflação" terá impacto no eleitorado brasileiro.  

O questionamento se a indicação da mãe do candidato ao Tribunal de Contas não seria nepotismo ilustrou o quanto o JN estava pegando pesado. Se alguns acharam que Aécio foi apertado, ontem viram que a pressão pra cima de Eduardo Campos foi ainda maior.

O ápice da confusão das respostas do candidato do PSB foi na tentativa de explicação da aliança com Marina Silva. Quanto mais Eduardo falava mais pareceu confuso a justificativa da união do projeto de seu partido com, a ex-PV e atual Rede, Marina Silva. Minha impressão é que se estava difícil do eleitor entender, agora ficou pior!

A participação de Campos nos governos Lula e Dilma foram nessa mesma linha, como ele pôde tão repentinamente ter virado oposição? Depois de anos falar que não acreditava mais naquele projeto não sei se é suficiente, passa uma imagem oportunista ao eleitor. 

Em suas considerações finais o candidato fez questão de lembrar, mais uma vez, o nome de Marina Silva (na tentativa de resgatar os longínquos votos de 2010), lembrou também de sua experiência em Pernambuco, afirmou que vai fazer diferente, mas assim como Aécio na sabatina anterior, esteve longe de dizer como. O pior que para Campos esse vazio propositivo foi exposto já nos primeiros minutos de entrevista, sua equipe terá muito trabalho para alavancar essa candidatura, que por enquanto, está longe de decolar.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

AÉCIO NO JN: escondido atrás das montanhas mineiras!

http://globotv.globo.com/rede-globo/jornal-nacional/v/aecio-neves-e-entrevistado-no-jornal-nacional/3557503/

O candidato tucano não negou, que segundo sua opinião, existe a necessidade de um arrocho fiscal. Estratégia arriscada na visão do marketing político. Buscou atacar o atual governo citando o fantasma da inflação sempre que pôde, por outro lado, voltou a mostrar um economicismo exagerado que costuma afastar o eleitor.

A "cruzada moralizante" contra a corrupção, que deve ser abraçada pelo PSDB nessa campanha foi pouco explorada, talvez pela lembrança de Azeredo pela bancada do JN. 


O esperado tema do aeroporto de Cláudio foi tratado com extrema suavidade pelos apresentadores do JN, como se fosse algo corriqueiro, mas cada minuto que Aécio fala sobre o assunto mais se complica. Uma cidade de 27 mil habitantes precisa de um aeroporto? Alguém conhece a "grande" indústria desse pequenino município? Divinópolis-MG, município vizinho de 226 mil habitantes que fica a 55km de Cláudio, possui um aeroporto as moscas... e ainda, como que um aeroporto trancado com cadeado é para servir a comunidade local e não a família do candidato? Por sorte do candidato, não teve que responder essas questões.

O único momento que chegou perto de algum aperto na sabatina ocorreu quando Patrícia Poeta perguntou: se o PSDB aprova os projetos sociais do atual governo por que mudar? Aécio voltou ao mantra de que foi seu partido que iniciou os programas sociais atrás dos vales gás, escola, alimentação... o que pode enganar alguns, mas qualquer um que seja um pouco mais estudioso do tema sabe que a realidade não é bem essa.
  
Enfim, surpreende o quanto o candidato tucano se apega ao seu governo de MG para todas as respostas, sua assessoria deveria orientá-lo quanto a isso, no final das contas, de projetos para o Brasil não vimos quase nada. E não é o cargo de Presidente da República que o ex-governador de MG está postulando?

terça-feira, 29 de julho de 2014

Quem ganhou a Copa?


Na Carta Capital nº 807 Marcos Coimbra trouxe um debate que considero muito importante, o quanto a Copa do Mundo influencia as Eleições no Brasil?

Alguns dirão que o sucesso da organização do campeonato mundial, ao contrário das profecias de caos, trará vantagens a presidenta candidata à reeleição. Outros dirão que o vexame histórico, dos 7 a 1 sofridos dentro de campo pela Alemanha, afetará o humor do eleitor brasileiro, o que em tese favoreceria o candidato da oposição.

Na verdade o que está por trás desse blá blá blá todo é uma subestimação da capacidade de escolha do eleitor brasileiro, prática muito comum e que também costuma provocar grandes surpresas naqueles políticos de práticas antigas e de cabeças arcaicas.

Refrescando a memória daqueles que, como diz Coimbra, pensam ter uma pretensa superioridade intelectual, já tivemos 5 eleições em ano de Copa do Mundo:

- 1994: FHC venceu graças a Bebeto e Romário ou o Plano Real elegeria até mesmo um poste?
- 1998: FHC voltou a vencer, mesmo com a decepção pela derrota frente aos franceses. 
- 2002: Lula venceu a eleição, ou seja, o Brasil foi campeão mas a oposição venceu a eleição. Ué na teoria não era para todos os brasileiros "alienados" felizes com a Copa votarem no candidato do Governo?
- 2006: Lula se reelege, e a Seleção? Alguém foi votar com raiva da situação pelo fraco desempenho na Copa? Pelo visto não!
- 2010: Dilma vence; e Dunga cai diante da Holanda. Mais uma vez vence o Governo e a Seleção Brasileira meses antes decepciona seu torcedor.

Esse pequeno histórico ilustra bem uma máxima que eu sempre trouxe comigo, seja em meu trabalho, seja nas atividades de marketing político, seja em minha vida pessoal. Nunca duvide da inteligência do eleitor!

Quando perdemos um jogo nossa primeira reação é desqualificar o adversário, da mesma forma, no jogo da democracia os militantes e simpatizantes derrotados imediatamente tratam a maioria vitoriosa como burros. O reconhecimento da superioridade do adversário é gesto de rara nobreza, assim como não foi feito por Parreira e Felipão, também não costuma se ver na política.

Agora as razões para a escolha do voto, os aspectos da escolha racional, a influência do componente emocional, variáveis de contexto como econômico, social, cultural... já debatemos muito nesse espaço e poderemos voltar neles em breve. Fica a dica de leitura dos livros "A Cabeça do Brasileiro" e "A Cabeça do Eleitor" resultados de uma grande pesquisa de Alberto Carlos Almeida, que afirma: "a cabeça do eleitor é lógica e não pode ser ludibriada facilmente..." 

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Eleições Presidenciais 2014


Compartilho com os amigos os jingles apresentados pelos candidatos nas Convenções Partidárias:

1) Dilma: natural que a campanha situacionista trabalhará em cima das realizações, é o que as imagens buscam passar, a ideia de que muito se conquistou. Além disso a música tenta traçar o perfil da mulher batalhadora, que não tem medo do trabalho, lutadora, inclusive utilizando ao final do vídeo imagens da época que a presidenta lutou contra a ditadura. Essas imagens de época parecem objetivar suavizar o atual perfil sisudo de Dilma. O ritmo nordestino (região de grande apoio ao PT) é amigável e passa a mensagem com suavidade. 


2) Aécio: o foco da mensagem é no nome do candidato, para fixação dos eleitores além das montanhas de Minas Gerais. Por isso mesmo, são utilizados vários personagens de cores e raças diferentes apontando sua escolha para Aécio. Esse vídeo parece bem restrito a convenção mesmo, pois é lógico que na campanha será feito um trabalho de desconstrução do atual governo e Aécio tentará ser posicionado como o representante da mudança radical.


3) Eduardo Campos: já essa mensagem já inicia buscando ocupar a posição da mudança, "coragem pra mudar o Brasil / eu vou com Eduardo e Marina" parece ser um bom slogan, pelo menos é forte. O nome de Marina é repetido no refrão, a tentativa de recuperar eleitores da última eleição da ambientalista já fica evidente. Além disso, tentou-se passar muita informação mas a fixação, por parte do eleitor, ficou difícil ainda mais passada de forma tão rápida. De qualquer forma, o slogan (ou refrão) ficou bem marcado.