"O marketing não é uma batalha de produtos, é uma batalha de percepções." (Al Ries)

domingo, 28 de novembro de 2010

Curso de Extensão de Marketing Político Facig / Logos

Sábado, 27/11, aconteceu o primeiro Curso de Extensão de Marketing Político da Facig. O evento, que teve como tema: "workshop em estratégias eleitorais", foi oferecido através de uma parceria entre a faculdade e a Logos Consultoria e Pesquisa.


Em oito horas de curso foram apresentados e debatidos temas importantes do marketing político como: 

conceito; campo de atuação; marketing eleitoral, marketing governamental; eleição e táticas de guerra; importância das pesquisas, diagnósticos; ferramentas do marketing político-eleitoral, logo, slogan, jingle; introdução ao gerenciamento de campanha - gerenciamento estratégico, de comunicação, e administrativo.

Ainda foram apresentados casos de sucesso da Logos Consultoria nas eleições 2008, foram discutidas quais as estratégias foram utilizadas para que todas as consultorias tenham atingido seu objetivo, a vitória na eleições.

No final da tarde foi realizado um exercício de simulação de ferramentas de campanha, o que proporcionou grande interação entre os participantes, além do contato maior com o trabalho do marketing político. 

O curso foi conduzido pelo diretor da Logos, Thiago Guadalupe, e contou com a presença de representantes de prefeituras, partidos, deputados  e coordenadores de campanha.

Na manhã e tarde de sábado 20 participantes de diversas cidades da região estiveram no curso: Manhuaçu, Carangola, Martins Soares, Ipanema, Reduto, Mutum, Matipó, e Brejetuba-ES. Todos puderam debater, trocar experiências e se capacitar para o desenvolvimento de um bom trabalho em campanhas eleitorais.

A Logos agradece a todos os participantes que contribuíram muito para o sucesso do evento!

sábado, 13 de novembro de 2010

Entrevista com João Santana (consultor de mkt político de Dilma)!



* Extraído do Blog Luis Nassif Online

FERNANDO RODRIGUES

ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Dilma Rousseff ganhou a eleição para presidente da República, a primeira de sua vida. Mas seu marqueteiro, João Santana, venceu sua terceira disputa desse gênero. Ele é o profissional latino-americano mais bem-sucedido na área de comunicação política-eleitoral em anos recentes.
Em uma de suas raras entrevistas, Santana, 57 anos, falou à Folha na última quarta-feira, em sua casa de veraneio próxima a Salvador, na Bahia. Fez uma ampla análise do processo eleitoral brasileiro e da última campanha.

Entrevista de Santana à Folha:

Folha - O sr. fez o marketing das duas últimas campanhas presidenciais vitoriosas no Brasil. Quais as diferenças e semelhanças?
 
João Santana - Foram campanhas profundamente dessemelhantes.
Destaco alguns dos pontos que tiveram em comum: o profundo desdém da oposição aos candidatos Lula e Dilma nas pré-campanhas; o susto que eles tomaram no início dos dois primeiros turnos com o crescimento rápido e vigoroso dos nossos dois candidatos; a falsa ilusão de vitória que eles criaram na passagem do primeiro para o segundo turno, e a desilusão e desfecho finais.
Entre os vários pontos de dessemelhança, eu gostaria de frisar apenas um, e que diz respeito diretamente à minha área: apesar das aparências, a campanha de 2010 foi de uma complexidade estratégica, e principalmente tática, imensamente maior do que a de 2006. Eu diria, até, que do ponto de vista do marketing, esta talvez tenha sido a campanha presidencial mais complexa dos últimos tempos no Brasil.

A percepção da oposição, então, segundo sua avaliação, foi equivocada?
Na pré-campanha de 2006, a oposição imaginou, erroneamente, que Lula estivesse destruído com o escândalo do mensalão. Imaginou que um discurso udenista, neurótico e tardio, pudesse influenciar amplas camadas da população na campanha. Não perceberam o incipiente, porém já vigoroso, movimento de ascensão social e de gratificação simbólica e material que vinha sendo produzido pelo governo Lula.
Na pré-campanha de 2010, houve um erro porque menosprezaram o valor pessoal e o potencial de crescimento de Dilma e, também, a capacidade de transferência de Lula. É o período da arrogante, equivocada e elitista 'teoria do poste'.
O grande crescimento que Lula, em 2006, e Dilma, em 2010, tiveram no final das pré-campanhas, e especialmente no início do primeiro turno, deixou-os atordoados. Só se recuperaram um pouco quando foram favorecidos por fatores extracampanhas, o caso dos aloprados e o escândalo Erenice.

Por que Dilma não venceu no 1º turno? Lembro-me que as previsões internas eram de que ela teria de 56% a 57% dos votos...
Por vários fatores, alguns já facilmente percebidos e explicados. Outros que levarão ainda algum tempo para serem corretamente analisados. Começo indo na contramão da maioria dos analistas: o eleitorado brasileiro é, hoje, um dos mais maduros do mundo. E cada dia sabe jogar melhor.
Uma das provas desse amadurecimento é a consolidação, cada vez maior, da "cultura de segundo turno" nas eleições presidenciais. E ela atua, paradoxalmente, junto com a consolidação de um outro comportamento aparentemente antagônico: a consagração do princípio da reeleição. O de deixar um bom governo continuar, mas, ao mesmo tempo não aceitar passivamente tudo o que ele faz. Este conflito é uma forte demonstração de amadurecimento do eleitor brasileiro. No fundo é aquele maravilhoso conflito humano entre a reflexão e a decisão, entre a fé a descrença, entre a confiança e a suspeita, entre a entrega e a autodefesa.
Nas últimas eleições, parte do eleitorado tinha um fabuloso atalho, que era a candidatura Marina, para praticar o "voto de espera", o voto reflexivo. E utilizou este ancoradouro, este auxílio luxuoso que era a candidatura Marina, para mandar alguns recados para os dois principais candidatos. Por essas e por outras razões houve segundo turno.

Que recados foram estes que os eleitores mandaram para Dilma e para Serra?
No nosso caso foi: "Olha, eu aprovo o governo de vocês, mas não concordo com tudo que acontece dentro dele; adoro o Lula mas quero conhecer melhor a Dilma".
No caso do Serra: "Seja mais você mesmo, porque desse jeito aí você não me engana; mas afinal, qual é mesmo esse Brasil novo que você propõe?; me diga lá: você é candidato a prefeito, a pastor ou a presidente?".

Os candidatos, no segundo turno, deram respostas eficientes a esses recados dos eleitores?
Nenhuma campanha, em nenhum lugar do mundo, responde a todas as perguntas, preenche todas dúvidas, nem atenua, completamente, os conflitos racionais e emocionais dos eleitores. Uma campanha será sempre um copo com água pela metade, meio vazio pra alguns, meio cheio pra outros.
No nosso caso, acho que respondemos algumas perguntas. A prova é que não apenas crescemos quantitativamente, como houve uma melhoria, mais que significativa, na percepção dos atributos da nossa candidata.

Em que se sustenta a tese de que essa foi a mais complexa campanha, estratégica e taticamente dos últimos tempos?
Por várias características atípicas, originais e exclusivas desta campanha. Para não me alongar muito, vou comentar apenas alguns fatores do nosso lado. Nós tínhamos um presidente, em final de mandato, com avaliação recorde, paixão popular sem limite e personalidade vulcânica.
Uma caso único não só na história brasileira como mundial. Uma espécie de titã moderno.
Do outro lado, tínhamos uma candidata, escolhida por ele, que era uma pessoa de grande valor, enorme potencial, porém muitíssimo pouco conhecida.
Tínhamos o desafio de transformar em voto direto, e apaixonado, uma pessoa que chegava à primeira cena por força de uma escolha indireta, quase imperial. Tínhamos que transformar a força vulcânica de Lula em fator equilibrado de transferência de voto, com o risco permanente da transfusão virar overdose e aniquilar o receptor.
Tínhamos a missão de fazer Dilma conhecida e ao mesmo tempo amada; uma personagem original, independente, de ideias próprias e, ao mesmo tempo, uma pessoa umbilicalmente ligada a Lula; uma pessoa capaz de continuar o governo Lula mas também capaz de inovar.
Tudo isso dentro de um curtíssimo prazo e dentro do cenário de uma das maiores, mais vibrantes e maravilhosamente mal construída democracias do mundo, que é a democracia brasileira. E que tem um dos modelos de propaganda eleitoral, ao mesmo tempo, mais permissivo e restritivo do mundo; um calendário eleitoral hipocritamente dos mais curtos, e, na prática, dos mais longos do mundo. Isso é dose. É um coquetel infernal.

O que mais facilitou e atrapalhou o trabalho?
Acho que o que mais nos ajudou foram as lendas equivocadas que a oposição, secundada por alguns setores da mídia, foi construindo sistematicamente. E se aferrando desesperadamente a elas, mesmo que os fatos fossem derrotando uma após outra.
No início, construíram quatro lendas eleitorais: que Lula não transferia voto, que Dilma ia ser péssima na TV, que Dilma ia ser um desastre nos debates e que Dilma, a qualquer momento, iria provocar uma gafe irremediável nas entrevistas. Nada disso ocorreu, muito pelo contrário.
Construíram, pelo menos, quatro lendas biográficas: que Dilma tinha um passado obscuro na luta armada, que era uma pessoa de currículo inconsistente, que teve um mau desempenho no governo Lula, e que o fato de ter tido câncer seria fatal para a candidatura. Nada disso se confirmou.
E construíram lendas políticas. As principais eram que Dilma não uniria o PT, não teria jogo de cintura para as negociações políticas e que não saberia dialogar com a base aliada. Outra vez, tudo foi por terra.
Ora, com tantas apostas equivocadas, o resultado não podia ser outro. Se você permitir, eu gostaria adiante de comentar sobre novas lendas equivocadas que já estão começando a construir em relação ao futuro governo Dilma.

Na fase final, a oposição apostou numa guerra moral e religiosa, no mundo da ética e dos valores. Isso não atrapalhou?
De forma irreversível, não. Acho, inclusive, que no final o feitiço virou mais contra o feiticeiro. As questões do aborto e da suposta blasfêmia foram apenas vírgulas que ajudaram a nos levar para o segundo turno. Repito, apenas vírgulas.
O caso Erenice foi o mais decisivo porque atuou, negativamente, de forma dupla: reacendeu a lembrança do mensalão e implodiu, temporariamente, a moldura mais simbólica que estávamos construindo da competência de Dilma, no caso a Casa Civil.
Por motivos óbvios, vínhamos ressaltando, com grande ênfase, a importância da Casa Civil. Na cabeça das pessoas, a Casa Civil estava se transformando numa espécie de gabinete paralelo da presidência. E o escândalo Erenice abalou, justamente, esse alicerce.
Voltando à questão da moral religiosa: como a oposição abusou da dose, provocou, no final, rejeição dos setores evangélicos que interpretaram o fato como jogada eleitoral e afastou segmentos do voto independente, principalmente de setores da classe média urbana, que se chocou com o falso moralismo e direitização da campanha de Serra.

Mas essa opção às vezes à direita da oposição, em certa medida, era algo esperado. Ou não?
Eu alertei sobre isso, inclusive, em um seminário interno da Folha que participei em maio. Este é um fenômeno que infelizmente vem acontecendo, na América Latina, com alguns setores desgarrados, que antes de autointitulavam de socialdemocratas e se inclinaram perigosamente para a direita.
Passaram a utilizar, em suas campanhas, um mix de técnicas do Partido Republicano americano, mais ferramentas da direita espanhola e de operadores antichavistas da Venezuela.
Eu me defrontei com este aparato na campanha que fiz para o presidente Mauricio Funes, em El Salvador. Fomos vítimas de uma das mais insidiosas e obscuras campanhas negativas. Mas vencemos. O ideário é o mesmo, os conceitos manipulados semelhantes, as técnicas de medo iguais. O que varia é a dosagem e os instrumentos.
Aqui a direitização ficou mais circunscrita a certos tabus morais e religiosos. Mas também trafegou, principalmente na internet, no obscurantismo político de pior extração. Quem estuda este fenômeno e viu um vídeo que circulou na internet, intitulado a 'Dama de Vermelho', sabe do que estou falando. Por sinal, este vídeo é uma réplica de alguns que foram produzidos contra Mauricio Funes, em El Salvador, e a favor da campanha de Felipe Calderón no México.

No início da entrevista, o sr. disse que iria comentar o que considera 'novas lendas equivocadas' projetadas para o governo Dilma. Do que se trata?
Eu acho necessário um humilde alerta: não subestimem Dilma Rousseff. Este alerta vale tanto para opositores como para apoiadores da nova presidente.
Dentro e fora do Brasil já começam a pipocar análises apressadas de que Dilma dificilmente preencherá o grande vazio sentimental e simbólico que será deixado por Lula. E que este será um problema intransponível para ela. Bobagem.
Não há dúvida de que a ausência de Lula deixa uma espécie de vazio oceânico. Lula é uma figura única, que uma nação precisa de séculos pra construir. Mas Dilma, em lugar de ser prejudicada por este vazio, será beneficiada por ele. Basta saber aproveitar --e acho que ela saberá-- a oportunidade única e rara, que tem nas mãos, de se tornar conhecida e amada ao mesmo tempo.
É preciso também estar atento para o fato de que as paixões populares são múltiplas porque o povo não é politicamente monogâmico. O povo é, por natureza, sincretista e politicamente polígamo. E há na mitologia política e sentimental brasileira uma imensa cadeira vazia, que chamo metaforicamente de "cadeira da rainha", e que poderá ser ocupada por Dilma.
A República brasileira não produziu uma única grande figura feminina, nem mesmo conjugal. Dilma tem tudo para ocupar esse espaço. O espaço metafórico da cadeira da rainha só foi parcialmente ocupado pela princesa Isabel. Para um homem sim, seria uma tarefa hercúlea suceder a Lula. Para uma mulher, não. Em especial, uma mulher como Dilma. Lula sabia disso e este talvez seja o conteúdo mais genial da sua escolha.

Quando ficou claro que haveria 2º turno? No dia?
No dia da apuração. Havia fortes indícios de perda de substância da nossa candidata, porém, os indicadores nos davam uma relativa segurança de que ganharíamos no primeiro turno.
Ao contrário da eleição de 2006, quando eu fui o primeiro a alertar o presidente Lula de que iríamos para o 2o turno, desta vez eu fui um dos últimos a admitir isso. Acompanhando a apuração no Alvorada, ao contrário de 2006, eu era um dos poucos que ainda acreditava que ainda ganharíamos por uma margem estreita.

A receita do 2º turno deste ano se assemelha à de 2006: acusar os tucanos de serem privatistas e contra o patrimônio nacional. Mas desta vez o efeito não foi tão forte como há quatro anos. Essa fórmula está perto do esgotamento?
É reducionismo dizer que a receita do segundo turno foi a de acusar os tucanos de privatistas. Se você rever os programas e comerciais, vai constatar que discutimos modelo de política econômica, políticas sociais, modelo de desenvolvimento, entre outros temas.
Fui o responsável pela introdução do tema privatizações em 2006. Na verdade, não estava muito apaixonado pela ideia de utilizá-lo outra vez nesta campanha. Inclusive porque, ao contrário de certos homens marketing, não gosto de repetir fórmulas. Mas havia um consenso, na cúpula da campanha, de que o tema ainda estava vivo. Meu convencimento final veio quando decidimos acoplá-lo, de forma mais que justa, ao futuro do pré-sal.

Essa abordagem sobre 'tucanos privatistas X petistas defensores do patrimônio nacional' não seria uma exploração indevida do imaginário popular?
Já falei sobre isso e não fui muito bem interpretado. Tucanos e petistas divergem, de fato, profundamente neste tema. A sociedade brasileira sempre acompanhou com o máximo de interesse, receio e com muita cautela essa discussão.
O debate continua vivo. Por que é manipulação reacender ou esquentar esse debate? A propaganda eleitoral brasileira é um espaço bastante democrático, e mais que apropriado para este tipo de discussão. Nela, cada um pode expor seu pontos de vista e estabelecer o contraditório. Com fatos e argumentos. Sem medo e sem timidez.

Por que o Vox Populi, contratado pela campanha de Dilma, não captou a queda nas pesquisas de maneira mais precisa?
Essa é uma pergunta que o instituto pode responder melhor do que eu.

Quando as pesquisas diárias ('trackings') começaram as ser feitas? E os grupos de análise qualitativa? Dilma assistiu a alguns desses grupos?
Os trackings começaram uma semana antes da propaganda eleitoral. Os grupos de pesquisas qualitativas começaram também nesse período, e eram quase diários.
No segundo turno, os grupos de qualis eram diários. Eram 12 grupos, distribuídos pelas várias regiões do país. Em São Paulo, eram sempre quatro grupos, variando entre capital e interior. Duas empresas faziam esse trabalho. Em São Paulo, a Oma Pesquisas. No restante do país, a Síntese. A candidata Dilma não assistiu aos grupos por falta de tempo e de interesse direto.

Foi um erro a forma como Lula fez alguns comícios na parte final do 1º turno, falando em extirpar o DEM da política e dizendo que 'a opinião pública somos nós'?
Como eu já disse, o presidente tem uma personalidade vulcânica. Sua intuição emocional faz com que ele acerte bastante, e às vezes cometa erros. Mas o saldo nesta e em outras campanhas sempre foi muito positivo.

Mas houve uma certa overdose de Lula no final do 1º turno, com ele aparecendo não de forma exaltada em comícios?
Na propaganda eleitoral, não. Desde o início, eu sabia que uma das coisas mais difíceis era a modulação da presença de Lula. Fiz um desenho estático que considero correto. Dividi a campanha com base nos 45 dias de TV e rádio em três fases iguais de 15 dias cada. A primeira, consistiu em colar bastante Lula a Dilma. Depois, seria preciso atenuar um pouco a presença dele no meio da campanha. E, por fim, voltar a colá-los fortemente no final.
Na primeira fase, era preciso mostrar aos eleitores que havia afinidade, respeito e confiança entre eles. Consumado isso em 15 dias, como eu esperava, com êxito, era então necessário reforçar a identidade própria de Dilma. Isso só seria possível se as pessoas conseguissem enxergá-la sem a sombra luminosa de Lula. Assim, os segundos 15 dias da campanha tiveram a troca da persona Lula pela intensificação da representação simbólica do governo Lula.
Só que no final dessa segunda fase ocorreu uma trágica coincidência: o escândalo Erenice.

E o que foi feito?
Fomos forçados a fazer uma reaproximação entre Lula e Dilma de emergência.

Mas Lula não se excedeu nos comícios?
De certa forma, sim. Mas isso é até explicável. A presença de um político no palanque permite certo tipo de arroubo que a propaganda eleitoral não comporta. Acontece que alguém quando está no palanque esquece que trechos editados de sua fala podem aparecer em telejornais de grande audiência.

Na passagem do 1º para o 2º turno, ele deu uma sumida. Por quê?
Foi por um período muito curto. Foi intencional por dois motivos. Primeiro, porque era necessário dar um certo refresco para a imagem do presidente por causa do uso excessivo em todas as campanhas em todas as unidades da Federação. Os candidatos em todos os níveis usaram e abusaram da imagem de Lula de forma excessiva e até irresponsável como nunca ocorrera antes.
Segundo, estávamos fazendo um reposicionamento estratégico, e antes que as transições conceituais ficassem claras, era importante preservar o nosso principal trunfo, que era o presidente. Foi uma operação tão delicada e corajosa que o próprio presidente Lula, na passagem do primeiro para o segundo turno, chegou a me questionar a respeito.

Muitos temeram a derrota nessa fase?
Temer a derrota é inerente a qualquer um envolvido em uma campanha. Sobretudo quando há uma quebra de expectativa, que foi o que ocorreu com a ida para o segundo turno.
De certa maneira, esse mesmo sentimento perpassou a campanha de 2006, no início daquele segundo turno.

Quando Dilma teve câncer, o que a área de marketing da pré-campanha fez?
Primeiro, foi um susto. Uma situação insólita. Iniciar uma campanha com uma candidata pouco conhecida e enfrentando um desafio dessa magnitude. Só havia então um caminho que era buscar o máximo de transparência. Todo o tratamento foi ampla e livremente noticiado pela mídia. Num caso como este não se pode, nem se deve inventar ou maquiar nada. A verdade é o melhor remédio. Até porque ela sempre prevalece.

A sua contratação ocorreu a partir de quando?
O PT me contratou para dar consultoria e fazer as propagandas partidárias em 2009.

Como Dilma reagiu à necessidade de fazer operação plástica no rosto e na região do pescoço, mudar o vestuário, treinar oratória, aceitar cabeleireiro e maquiadora sempre perto?
Variou. A decisão de fazer a operação plástica, por exemplo, foi dela. Como toda mulher, quando se trata de estética, ela gosta de ela mesma tomar iniciativa. Ou, pelo menos, de pensar que foi dela a decisão.

Por que Dilma tem dificuldade para falar em público, às vezes não completando um raciocínio?
Durante toda a sua vida, Dilma foi treinada mais para fazer do que para falar. Além disso, ela é daquelas pessoas que tem raciocínio mais rápido do que a verbalização. E algo ainda mais complexo: imagine uma pessoa que nunca foi candidata a nada inaugurando sua vida eleitoral sendo candidata a presidente de um país do tamanho do Brasil?
Tudo isso provoca um tipo de tensão e ansiedade que obviamente repercute na maneira de se comunicar. Porém, o mais surpreendente, é que Dilma superou todos esses obstáculos de maneira brilhante. O mérito maior é dela.

Como era sua equipe na campanha?
Tive a felicidade de formar um "dream team". Cerca de 200 pessoas estiveram envolvidas. Alguns já trabalhavam comigo há muito anos como Eduardo Costa, meu braço direito e um dos grandes responsáveis pelo sucesso da campanha. Outros se reaproximaram e foram fundamentais como Marcelo Kértesz, Lô Politi e Giovani Lima, como diretores de vídeo. Sem falar da presença essencial de Mônica Moura, minha mulher e sócia.

Como presidente Lula interagiu com Dilma durante a campanha?
Em termos presenciais, o contato foi muito menor do que quando ela estava no governo.

Haveria alguma forma de o PSDB usar de maneira positiva, em nível nacional, a imagem de FHC em uma campanha presidencial?
Num período muito curto de campanha, seria muito difícil, quase impossível. Se eu estivesse no lugar de Luiz Gonzalez [publicitário da campanha de José Serra], que considero um dos melhores marqueteiros do Brasil, talvez eu fizesse o mesmo que ele fez.
O uso da imagem de FHC só seria viável eleitoralmente depois de um trabalho consistente ao longo de um período de vários anos. Seria preciso recuperar uma narrativa do governo tucano, que teve méritos, mas ficou com a imagem avariada por causa do final da administração FHC.
Creio ter havido um desleixo da parte do próprio Fernando Henrique, com uma atitude olímpica. Quem sabe, por vício acadêmico, ele esperava um resgate histórico que viesse apenas por gravidade. Mas, no seu caso, seria necessário mais do que isso. Ele e seu partido teriam de se esforçar para defender a imagem daquela administração, deixando de lado a timidez ou o medo que demonstram ter.

Teria sido possível neste ano eleger José Serra ou algum candidato de oposição? Com qual estratégia?
Muito improvável. A menos que cometêssemos alguns erros e a oposição milhões de acertos

Aécio Neves teria tido condições de vencer Dilma?
Poderia ter feito uma campanha mais bonita e mais vibrante do que Serra. Mas mesmo assim seria derrotado.

Como foi e com qual frequência se deu neste ano sua relação com o publicitário de Serra, Luiz González?
Sempre tivemos uma boa relação. Admiro o González tanto por sua competência como por seu caráter. E é sempre uma parada dura enfrentá-lo numa campanha. Nos falamos várias vezes durante esta campanha para negociarmos regras de debates e outros detalhes envolvendo participações dos nossos candidatos.
A negociação mais insólita foi quando liguei, pra ele, na véspera do Círio de Belém, sugerindo que abríssemos mão da propaganda eleitoral na TV no dia da festa, no Pará. Ele pediu pra consultar o Serra e topou. Tenho certeza que os paraenses gostaram muito desta atitude e Nossa Senhora de Nazaré, com certeza, abençoou os dois candidatos.

Esta eleição teve dez debates. Quais foram os mais úteis eleitoralmente? Os da Globo, pela alta audiência?
Todos foram importantes, mas nenhum decisivo.

Todos os debates foram engessados por regras impostas pelos candidatos e seus assessores. O que seria necessário para haver debates mais livres?
Os debates, como algumas regras da propaganda eleitoral, têm de ser revistos. O problema dos debates é que dependem da vontade dos candidatos. E vontade dos candidatos é a coisa mais difícil de administrar.

E no caso do horário eleitoral, o que pode ser feito?
Eu acho que a lei de propaganda eleitoral é uma das mais modernas do mundo. Porém, há situações anômalas que devem ser corrigidas. Por exemplo, a legislação sobre pré-campanha. Outra, a legislação do segundo turno.
No caso do segundo turno, como está concebido, é uma violência contra os candidatos, contra os partidos, contra os eleitores e contra as equipes que produzem os programas eleitorais. Deveria haver menos propaganda, mais debates obrigatórios, mais liberdade de entrevistas nos meios de comunicação eletrônicos e a eleição em si ser mais próxima da do primeiro turno.

Qual foi a importância da internet na campanha?
Ao contrário do que se fala, a internet teve um papel importante nesta eleição. Pena que tenha sido usada, muito fortemente, para veicular campanha negativa raivosa, anônima e, muitas vezes, criminosa. Isso terminou por diminuir muito a credibilidade do material que circulava na web. Mas a cada dia o papel da internet será maior nas eleições brasileiras. E isso é muito bom para a disputa eleitoral e para o avanço democrático.

Nos EUA, a web é usada na difusão de propaganda negativa, mas também na arrecadação de fundos. Quando haverá isso aqui?
Como já disse, houve um predomínio de propaganda negativa. Mas a mobilização nas redes sociais foi também intensa. Esta é a grande chave, no futuro, para aumentar o impacto da web nas eleições.

Qual foi o saldo da contratação de técnicos que trabalharam na campanha da web de Barack Obama?
A participação deles ficou praticamente restrita à transferência de tecnologia e de ferramentas. Não participaram da estratégia nem da conceituação da campanha em nenhum nível. Mas são profissionais bem competentes em sua área.

Teria sido possível eleger algum outro ministro técnico como Dilma usando a mesma estratégia?
Acho que seria muito difícil. A escolha de Dilma foi uma das maiores provas da intuição e da genialidade política do presidente Lula. Eu tive o privilégio de ser uma das primeiras pessoas a saber da decisão do presidente e a fazer estudos sobre isso, a pedido dele.
Desde o início ficou claro que a transferência de votos se daria de forma harmônica e fluídica. Está provado que a transferência, na maioria das vezes, se dá mais pelas características do receptor do que do doador. De todos os possíveis candidatos, Dilma reunia as melhores condições para isso. Era mulher, ocupava um papel-chave no governo, tinha passado e presente limpos, era competente, firme, corajosa, combativa e tinha fidelidade absoluta ao presidente.
Além disso, por causa do tipo de personalidade de Lula, era muito mais natural e com maior poder de sedução junto ao seu eleitorado, ele pedir voto para uma mulher do que para um homem.

Em 2014, os parâmetros de exigência da população estarão elevados para outro patamar e o Bolsa Família terá menos importância?
Primeiro é bom esclarecer, que no campo da psicologia do voto, o Bolsa Família é percebido pelos seus beneficiários como um detalhe importante, porém um detalhe, de uma coisa ainda maior e mais forte para eles que é o olhar social do governo Lula.
O programa, em si, tem apelo eleitoral? Tem. Porém menos do que se apregoa. E, como já disse, não funciona de forma isolada. Acho que poucos governos, como o do presidente Lula, e, tenho certeza, o da presidenta Dilma, reúnem tantas condições de poder acompanhar o que você chama de elevação de parâmetros de exigência da população.
Na verdade é mais do que isso. Quando o governo Lula retirou 28 milhões de pessoas da miséria e levou 36 milhões para a classe média estava, ao mesmo tempo, dando vida digna e cidadania a estas pessoas, elevando seu nível de vida e, simultaneamente, elevando os seus 'parâmetros de exigência'. Ou seja, as políticas públicas de Lula e de Dilma são maiores do que qualquer tipo de pragmatismo eleitoral.

Se quiser vencer, o que deve fazer a oposição daqui até 2014?
Não me sinto apto a dar conselhos à oposição. Ela tem consultores mais competentes do que eu para isso.

O sr. foi convidado a continuar prestando assessoria de imagem e marketing para Dilma Rousseff?
A presidenta eleita não me falou nada sobre isso e eu tenho uma agenda internacional carregada, nos próximos três anos, que atrapalharia bastante um trabalho deste tipo.

Uma ala do PT, entre os quais José Dirceu e Fernando Pimentel, desejava a sua saída e a volta de Duda Mendonça. Como foi essa disputa?
É natural que na política, nos negócios e no amor as pessoas queiram se associar com quem têm afinidade. Até hoje, não sei exatamente quem participou dessa articulação. Só sei que foi um grupo muito pequeno e que não contava com o apoio da cúpula da campanha nem do PT. Lula e Dilma sempre me apoiaram integralmente. O ex-presidente do PT Ricardo Berzoini e o presidente atual da legenda, José Eduardo Dutra, sempre me deram todo apoio.

Quais são os seus planos profissionais a partir de agora?
Eu tenho muitos clientes fora do Brasil e provavelmente me dedique mais a eles, nos próximos dois anos. Estou examinando também, com carinho, uma proposta de sociedade de uma empresa americana de marketing político para atuação junto ao eleitorado latino, nos Estados Unidos.
Quero ver, também, se tenho tempo de terminar dois livros que estou escrevendo, um romance e outro sobre marketing político. Além disso, quero ver se volto a me dedicar à música.

Quanto o sr. cobrou para fazer a campanha de Dilma Rousseff?
O custo total da área de propaganda e marketing, incluindo as pesquisas qualitativas e as quantis estratégicas, foi de R$ 44 milhões.

O Brasil é o país latino-americano no qual as campanhas políticas são as mais caras?
O custo das campanhas no Brasil está diretamente relacionado ao tamanho do eleitorado, à força de sua economia e à qualidade e sofisticação do seu marketing eleitoral. Sem dúvida, um dos melhores do mundo.

Continua a existir uma imagem negativa dos marqueteiros. Esse é um problema de marketing que os principais envolvidos não conseguem solucionar?
Acho que esta suposta imagem negativa está circunscrita a determinados setores da sociedade que não entendem --ou não querem entender-- o verdadeiro papel do marketing político.
Para a maioria da população ocorre exatamente o contrário: há uma profunda curiosidade e atração pelo nosso trabalho. Assim como somos um país com dezenas de milhões de técnicos de futebol, estamos também nos transformando num país com milhões de marqueteiros.
É incrível como hoje todo mundo discute e "entende" de marketing político. Chega a ser pitoresco, nos grupos de pesquisa qualitativa, como eleitores de todas as camadas sociais comentam, opinam e desvendam os segredos do marketing. É uma escola de prática de política.

Há semelhanças entre a transferência de poder do russo Vladimir Putin para Dmitri Medvedev, em 2008, e agora no caso dos brasileiros Lula e Dilma?
Li sobre isso na mídia internacional. É um equívoco absoluto, uma leitura caricata e ligeira. A democracia no Brasil é mais complexa e sofisticada. Mas isso me faz lembrar uma história curiosa.
Como a eleição brasileira chama a atenção em vários países, no início de maio, um emissário não oficial do governo russo mandou um recado para a campanha de Dilma. Essa pessoa queria oferecer o que seria uma técnica que dizia ser infalível de transferência de votos baseada na experiência exitosa de Putin para Medvedev.
Demos muita risada e é claro que recusamos. Mas tenho a impressão que um ou outro integrante da nossa campanha chegou a ficar tentado em pelo menos ouvir o que os russos tinham a dizer. Mas é óbvio que nenhum contato foi feito, embora o episódio demonstre como era imprevisível para alguns a capacidade de Lula de transferir votos para Dilma.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/826409-caso-erenice-provocou-2-turno-diz-marqueteiro-de-dilma.shtml

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A voz dos vencedores! (Prevaleceram as lições da democracia)


De Taeco Carignato
 
Terminadas as eleições, restam algumas lições. Apesar de termos presenciado uma campanha sórdida e rasteira baseada em mentiras, calúnias e difamações que deixou a nação brasileira em suspense durante um mês, prevaleceram as lições de democracia. Brasileiros e brasileiras, apesar das agressividades manifestas durante a campanha deste segundo turno, realizaram tranquilamente a sua escolha. Sem tumultos.

Outra lição que deduzimos destas eleições é: Os pobres sabem votar, sim! Maria Rita Kehl, naquele famoso artigo "Dois pesos...", que causou a sua demissão de O Estado de São Paulo, alertava às vésperas do primeiro turno quanto à desqualificação dos votos das classes D e E que seriam, segundo os opositores, frutos da "bolsa-esmola". Faço questão de ressaltar as suas palavras, já muito conhecidas pelos internautas:
 
"Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos."

Foi por esta conquista cidadã que os mais pobres votaram pela continuidade das políticas do Governo que ora se encerra. Porém, se para a presidência, eles escolheram pelo bolso e não pela consciência política a pessoa de Dilma Rousseff que representa seus interesses, por que não poderiam fazê-lo? Ora, a classe A não vota segundo seus próprios interesses? Quando as classes D e E escolhem candidatos segundo seus interesses, trata-se de compra de votos? Pior, as classes D e E são compradas por ninharias?


Terminadas as eleições, todavia, a desqualificação continua. Agora, salienta-se o perfil geográfico dos votos associado aos perfis econômicos regionais. Com uma ressalva: Minas Gerais e Rio de Janeiro foram deslocados ao Norte-Nordeste. A desqualificação dos votos dados à Dilma Rousseff, além do ranço preconceituoso, também busca suavizar a derrota do seu adversário a fim de mantê-lo no cenário político.

Serra, no seu discurso de despedida, embora falasse em humildade, ressaltou o "orgulho". Admitiu a derrota como todo bom político o faz, mas sem humildade também necessária a um bom político. O maniqueísmo da sua campanha também se manifestou em seu discurso, ao desejar que a sua adversária vitoriosa "faça bem para o nosso país". É, ao mesmo tempo, outra desqualificação: insinua que Dilma Rousseff "não sabe fazer as coisas direito", ou seja, não saberá governar.

É este orgulho paulista, no caso de Serra, de paulistano, que dominou a pauta de sua campanha. Não ser trata do orgulho a ser valorizado dos sem-cidadania citados por Maria Rita Kehl na conquista dos seus direitos. Trata-se do orgulho pernóstico dos e daqueles que se identificam com os poderosos, ou mais exatamente, trata-se da arrogância, da soberba. A arrogância paulista manifesta por Serra não achaca apenas os nordestinos, como também, nestas eleições, irritou os mineiros. A mensagem já havia sido dada: "Não mexa em Minas que Minas reage" (CartaCapital, 13/11/2010). No Rio de Janeiro, a campanha serrista provocou a animosidade sempre manifesta na rivalidade entre paulistas e cariocas nos campos de futebol.

Ou seja, com a campanha caluniosa e difamatória, Serra atirou no próprio pé. Seus discursos, recheados de mentiras, calúnias e difamações, acirraram a raiva, para não dizer o ódio, já que ainda quero ver, embora enganosamente, o povo brasileiro como um povo cordado e pacífico. A agressividade, a ferocidade que Serra destilou em sua campanha poderá voltar-se contra os paulistas e paulistanos por ele representados.

Mentiras, calúnias e difamações são instrumentos do ódio. Não foi à toa que a sua imagem demonizada "Xô, Satanás" circulou pela avenida Paulista nas comemorações de vitória da petista. Serra e seus marqueteiros criaram esse demônio. O demônio das calúnias e das difamações. E o que deveria ser apenas uma brincadeira para extravasar as tensões da luta política terminou em uma degola simbólica e na destruição do boneco. Uma violência que não partiu apenas dos apoiadores de Dilma Rousseff e do PT. A campanha de Serra estava recheada de violência contida.

Suas mentiras, calúnias e difamações mancharam a própria imagem pública. O portar-se como homem de família e do bem, beijando imagens santas, não lhe lavou a alma. Não enganou ninguém. Seu índice de rejeição, às vésperas do segundo turno, foi muito alto. Se o homem político José Serra continuar entendendo que se faz campanhas políticas com escândalos, mentiras, calúnias e difamações, com a arrogância disfarçada em religiosidade, é melhor dizer adeus e ficar em casa. Senão, a "guerra da bolinha" registrada em sua passeata no Rio de Janeiro não vai ficar somente na bolinha de papel e o "Xô Satanás" não será apenas simbólico. O Brasil não merece isso.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Chegou o dia! (não deveremos ter surpresas)

Por motivos de aperto de rotina não pude dividir com os amigos minhas percepções sobre o 2º turno das eleição presidenciais de 2010.

De qualquer forma, fica a sensação que o eleitorado brasileiro perdeu muito seu tempo nessa segunda etapa com baixarias, provocações, discussões sobre besteiras, e uma péssima e tendenciosa cobertura da mídia!

Tudo isso para chegarmos no mesmo resultado do 1º turno, vitória da candidata do Lula, Dilma Roussef.

Diferente do 1º turno, quando os institutos de pesquisa tiveram muitas dificuldades para identificar as tendências do eleitorado - muito até pelo número de cargos e confusão do próprio eleitor; no 2º turno todas as empresas de pesquisa apontam para uma mesma tendência, e chegam nos últimos dias de campanha apontando mais de 10% de diferença para a candidata do governo.

Sobre essa polêmica das pesquisas, repudio totalmente esse movimento de banalização das pesquisas eleitorais no Brasil, erros acontecem, incompetências acontecem, mas usar isso eleitoralmente como justificativa de derrota é, no mínimo, ignorância!

Veja trecho de Palestra de Chico Santa Rita (críticas as campanhas)

 
ANÁLISE RESUMIDA DAS CAMPANHAS:

Depois de uma campanha morna, cheio de erros quanto ao marketing político, principalmente no início, alguém acredita que essa mesma equipe de Serra vire mais de 10 milhões de votos em dois dias? Eu não acredito!

Sobre a campanha de Dilma, no 2º turno deixou a estratégia de não se preocupar com os adversários e começou a bater mais forte, principalmente nas críticas sobre as privatizações. 

O trabalho de marketing de sua campanha tinha a tarefa mais fácil, que era a de manter uma tendência forte de aprovação do governo Lula, com esse conteúdo advindo do atual governo creio que o eleitorado encontrou mais conteúdo nessa campanha. 

Digo mais, o eleitor está vendo (e a maioria) gostando do atual governo, parece que a tendência natural seria mesmo a eleição do candidato da situação!

Fica aqui um registro de minha decepção com a campanha de Serra, por mais que em termos de contexto político tenha partido de uma situação desfavorável, podemos apontar campanhas que foram derrotadas mas que fizeram excelentes trabalhos de comunicação com o eleitor (quem não recorda do "Lula lá", "Bote fé no velhinho", etc) mas pergunto aos amigos, o que ficará lembrado na campanha de Serra?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Estratégias para o 2º turno

1ª) Começa em entender o que levou a eleição para o segundo turno, sim, os quase 20 milhões de voto da Marina, mas a pergunta é: qual é o perfil desse eleitorado?

Não foram apenas os "verdes" que frearam o crescimento de Dilma, foram os: 

- religiosos conservadores; 
- aqueles que rejeitam a figura de Serra e de Dilma; 
- ex-petistas inconformados com a versão pragmática do partido;
- eleitores a-partidários que ficaram assustados com o caso Erenice.

2ª) Se o eleitorado flutuante é esse listado acima (além daqueles que não votam no 1º turno) é errado pensar que assim que Marina Silva ou o presidente do PV anunciarem seu apoio já poderemos passar a faixa presidencial para o agraciado, calma lá!

O eleitor não age com essa homogeneidade e pensamento coletivo como alguns parecem pensar, tanto que os dois candidatos já começaram suas campanhas nesse turno com uma veia moralista lá em cima, com o objetivo de começar a captar o voto religioso que foi pra Marina.

O debate sobre o aborto não é debate das posições pessoais ou partidárias dos concorrentes, mas sim, um cálculo do que esses eleitores querem ouvir.

3º) Dessa forma, a estratégia adotada precisa pensar em se defender, ou seja, em não perder eleitor para o rival direto:


- Se a equipe de Dilma conseguir fazer isso naturalmente leva grande favoritismo, pois precisa de captar apenas mais 3, 4 milhões de eleitores;

- Já a turma de Serra, apesar da felicidade de ser içado ao 2º turno, possui uma tarefa herculea pela frente. Para os tucanos não basta uma declaração de apoio da Marina, faz-se necessário também a cooptação de um bom número de eleitores que votaram em Dilma no 1º turno.

Falo isso, baseado no que foi dito no ponto 2, os eleitores não vão seguir igual carneirinho indicação de apoio, 60% deles ou mais devem partir para uma nova análise do cenário eleitoral no 2º turno.

4º) Cenários:

- Dilma, mais do que o apoio de Marina (que claro seria muito bem vindo!) precisa é de passar confiança para retomar eleitores que a deixaram após o caso Erenice. E também para convencer os eleitores tradicionais/românticos do PT que preferiram Marina no 1º turno (é o caso da maioria dos artistas e intelectuais). 

Talvez seja esse o motivo da postura firme, e mais agressiva, de Dilma no debate da Band.
- Serra já levantou a bandeira da moralidade atrás dos votos conservadores / religiosos;


Sua campanha também não bate no presidente Lula porque acredita captar votos de quem gosta do governo Lula mas considera Dilma inexperiente.

O fato é que, por mais que a mídia tenha noticiado o 1º turno como se fosse uma derrota da candidata do PT, a diferença a ser tirada não é pequena... quase a mesma que Alckmin teria que ter tirado em 2006.

Por isso, fatos novos são bem vindos para a campanha tucana, e a estratégia é por Dilma em descrédito como pessoa sem experiência política, sem condições de controlar seu partido, e sem clareza de ideias.

A questão é... isso será suficiente para virar mais de 13 milhões de votos?

(imagens dos candidatos do site: www.terra.com.br)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Onda Verde leva eleição presidencial para o 2º turno!

Dilma e Serra disputarão o segundo turno das eleições para presidente do Brasil, mas a vitória do dia 03 de outubro de 2010 foi de Marina Silva!

A candidata do Partido Verde chegou a exatos 19 milhões 636 mil e 335 votos; muito acima do que esperavam os institutos de pesquisa.  Dessa forma, Marina foi responsável por Dilma não conseguir atingir 50% + 1 dos votos válidos.

Serra teve a votação esperada e Dilma um pouco menos, cerca de 2 a 3% abaixo, mas chegou a bem próximo do que Lula conseguiu no 1º turno de 2006. E convenhamos que para a debutante em eleições não pode ser considerado um mal desempenho... acho que ultimamente muitos vinham se esquecendo que Dilma é Dilma, e Lula é Lula.

Voltando a vitoriosa do domingo de 1º turno eleitoral, Marina teve méritos nessa votação expressiva. Depois de um começo titubeante - chegando a dizer a asneira que não precisaria do Marketing Político em sua campanha... contratou Paulo de Tarso (o homem do "Lula lá" de 1989) e junto da personalidade verdadeira da candidata corrigiram a rota e subiram nessa "onda verde".

(Aliás tô cansando de ouvir pessoas sem conhecimento nenhum, inclusive na imprensa, que fazem uma dicotomia entre naturalidade do candidato x trabalho do consultor de marketing político - santa ignorância! O trabalho de Paulo com Marina é um exemplo de trabalho de exposição do candidato como ele realmente é!)

Essa verdade passada no trabalho de marketing da Marina foi um forte fator da adesão dos eleitores  a sua campanha. Aliás, alguns se arriscam a dizer que mais dez dias a situação de Serra poderia se complicar...

A questão é ...esses que se dizem "marqueteiros" (expressão já pejorativa) que acham que podem inventar imagem de candidato do nada, vender pro eleitor uma coisa que o candidato não é, em regra geral, esses péssimos profissionais, dão com a cara na parede.

O trabalho da campanha do PV foi o melhor na internet (principalmente no twitter), conseguiu conquistar os jovens, um nicho religioso importante, e os votos daqueles que não queriam entrar na polarização PSDB e PT.

Portanto, o que vimos nas urnas não é mágica... é fruto de um bom trabalho, e de uma candidata que tinha conteúdo, que tinha o que dizer ao Brasil, e disse!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Alto número de indecisos para senador e deputados: a culpa é do eleitor?

Como toda eleição para cargo proporcional no Brasil, os eleitores chegarão aos últimos dias antes da votação sem definir em quem votar. 

Pelo menos cerca de 30% dos eleitores não deverão chegar ao dia 03 de outubro com candidatos a senado e deputados (estadual e federal) definidos.


A questão é: por que isso ocorre?

A resposta simplista da pobre mídia nativa costuma ser relacionada a tese furada de que o eleitor brasileiro é alienado e ignorante... Para os políticos essa ladaínha é perfeita, pois tiram deles qualquer tipo de responsabilidade de conscientização eleitoral.

Só temos as costumeiramente boas peças publicitárias do TSE, mas elas não são suficientes para atingir todos eleitores brasileiros da forma que deveria, nem possuem capilaridade suficientes pra chegar a diversidade de público eleitores que temos no Brasil.

Em uma eleição como a desse ano que mistura diversos cargos diferentes, e que de uma só vez nos obriga a votar em Presidente, Governador, Senador 1, Senador 2, Deputado Federal e Deputado Estadual... não me venham falar que só os pobres e pouco escolarizados terão dificuldades, não só em como votar, mas também em saber o que cada um desses cargos políticos objetivam.

Agora, fico me perguntando o que os candidatos contribuem nesse processo... muito pouco, ou quase nada!  

Aliás muitos se aproveitam dessa mistura de cargos, funções e números para tentar ganhar votos confundindo ainda mais a cabeça do eleitor... (como aquele candidato ao senado de SP que está se fazendo passar por Ciro Gomes usando só o nome Ciro na sua campanha).

Depois de analisar sobre o postado acima, chego a conclusão do por que da pobreza das campanhas de deputado e senadores. Acredito que todos percebam que é quase regra geral que essas campanhas se pautam pelo quanto pior melhor... e é interessante para os candidatos que seja assim (principalmente para os políticos incompetentes).

As campanhas de deputado que vi nessas eleições não se preocuparam com mensagem nenhuma, não estabeleceram diálogo nenhum com eleitor, o que vi, foram paródias horrorosas (que nem podemos chamar de jingles), muito material impresso de qualidade duvidosa, para poluir bastante as cidades... e o pior é que acham que isso já é o suficiente!

Aliás, pior ainda são aqueles que pensam que trabalhar uma boa comunicação com o eleitor é perda de tempo... e que na verdade o que ganha eleição são as velhas práticas de compra de votos e troca de favores, pois é amigos, isso ainda é mais comum do que muitos pensam!!!

Depois disso tudo... o eleitor ainda é culpado de chegar sem saber em quem votar no dia da eleição??? Se isso for sinal de alienação preciso confessar então que sou mais um...


(Para os clientes da Logos Consultoria, tem funcionado muito bem o mapeamento de indecisos... agora o trabalho de pesquisa e marketing político que fazemos é para uma minoria que trabalha suas campanhas de forma diferenciada, partindo do princípio de respeito ao eleitor!)

domingo, 26 de setembro de 2010

Eleições em MG: o voto Dilmasia será dominante no estado!

Pelas pesquisas que realizamos em cidades de MG não há a menor dúvida que o fenômeno Dilmasia (voto em Dilma + Anastasia) será bastante forte nas urnas do próximo domingo.

Isso vai ocorrer por dois fortes motivos: 

1º) os eleitores de MG aprovam o governo Lula e o governo Aécio, de forma lógica e racional ("time que está ganhando não se mexe") a grande maioria vai optar pela continuidade nos âmbitos federal e estadual;
2º) os acertos que a campanha nacional do PT teve - trabalhando bem a imagem do Lula junto a sua candidata; a campanha estadual do PSDB também conseguiu com um bom trabalho Aécio / Anastasia.


Em termos de estratégia política, MG talvez seja um dos poucos trabalhos de se admirar do PSDB (que caminha para uma grande crise pós dia 04 de outubro).

A forma como Aécio foi aproveitado nas peças publicitárias foi excelente! Ficou muito claro que Aécio transfere grande parte de seu sucesso para Anastasia, e além disso, em momento algum ambos se vincularam à Serra. Sem dúvida já calculavam a tendência do grande número de votos Dilmasia.

Outro exemplo interessante foi a trilha sonora escolhida. Anastasia teve um dos poucos jingles decentes (comparado a todos que ouvi nessas eleições 2010), bonito, com bom conteúdo (associado ao tema da campanha - o candidato 'verdadeiramente' de MG) e ainda cantado por grandes artistas de MG como Milton Nascimento, Lô Borges, Tavinho Moura, Flávio Venturini, Skank e cia...


(jingle precisa emocionar e esse emociona! Os deputados tinham que aprender essa máxima e parar de  fazer um milhão de paródias ridículas que são baratinhas pro bolso, mas enchem a paciência dos eleitores!!!)

O PSDB de MG fez uma campanha alegre, com propostas, apresentando realizações, e agora vai colher os frutos... será que o PSDB paulista (ops, nacional né!) vai aprender um pouquinho com seus colegas mineiros? Ou se fechará cada vez mais obrigando Aécio a formar um novo partido?

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Só agora temos um candidato de oposição!

A eleição presidencial de 2010 está definida desde o ano passado, portanto, não podemos exigir da equipe de Serra uma reversão de um cenário totalmente favorável ao adversário, assim como era para FHC em 1994. Aquela eleição do Plano Real nem milagre daria a vitória para o Lula.

Mesmo com todo cenário econômico, social e político contra, me permito ainda avaliar que do início da campanha até aqui a equipe tucanca conseguiu fazer muita bobagem, que talvez tenha facilitado ainda mais a terceira vitória consecutiva de Lula (ops, Dilma).

Hoje Serra apresenta um discurso nacional, de oposição, e abraçou a estratégia de denuncismo e disseminar o medo para a população (medo sempre ele! Será que os tucanos ainda não aprenderam a lição nas últimas duas eleições?). Se essa estratégia agora é a melhor opção é outra discussão, mas a diferença hoje para a linha de campanha do início é gritante.

A campanha de Serra começou com a tentativa de fazer dele um sucessor de Lula, Lula e Zé, como era de se esperar não colou né?! 

Outra coisa, inexplicavelmente a campanha de Serra começou com um discurso fragmentado da Saúde (ou melhor só Saúde) sem propostas nacionais, veja as propagandas de hoje quanta diferença... mas passar um mês dessa forma é inaceitável pelo investimento (e equipe) de sua campanha.

Agora mudou! Não vemos mais o Serra com propaganda de vereador e querendo sempre se comparar ao Lula.  Faltando menos de 20 dias para as eleições podemos identificar alguma fala de candidato de oposição.

Como diz muito bem o professor Manhanelli, a imagem dele nunca será de pai dos pobres (a insistência nas primeiras semanas em falar que é de origem pobre foi constrangedora!), ele deveria ter partido desde o começo para o líder que chega para resolver os problemas do Brasil... depois de muita confusão sua equipe chegou a essa conclusão agora.


Por que tanta demora? Demora essa que provocou uma surra em termos de assertividade de estratégia política do adversário. Até porque, se os programas de Serra são totalmente diferentes hoje é porque a avaliação inicial foi muito equivocada.

Sobre a recorrência à busca de escandâlos, só sobrou isso a Serra, não ganha eleição como em 2006 não ganhou... mas a equipe tucana tem grande parte da imprensa a favor que contribui enormemente para uma disputa eleitoral denuncista. Repito que isso traz pouquíssimos votos, mas cada um luta com as armas que tem.

Alguém acredita que o eleitor bolsa-família (ou qualquer outro programa de benefício social) deixe de votar na Dilma por conta de vazamento de informações de um pessoal que eles não tem a mínima noção de quem seja?

Único fato que daria 4a vitória a Serra é Dilma em um acesso de loucura ir às rádios e TVs falar que não seguirá nada do que Lula fez em seu governo! Esse é o escândalo que impactaria na transferência de milhões de votos para Serra... convenhamos que é mais fácil elefante voar, não é?!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Programa de TV

A diferença de estratégia dos dois principais presidenciáveis está muito clara na TV.

Veja o primeiro programa de Dilma e Serra:



Enquanto o primeiro é emocional, se apresenta como candidatura representante oficial do Goveno Lula e traz uma narrativa nacional.

O segundo mostra além do viral (serra comedor http://www.youtube.com/watch?v=v1Tm4MbccgM ) uma falta de identidade (é um video da situação ou oposição?), numa estratégia desesperada de unir a imagem de Serra a seu adversário político, Lula, e um discurso fragmentado (como em campanha de vereador) sempre em um tema só, principalmente Saúde.

O PSDB esperava reverter as intenções de voto com a propaganda de TV, e o que estamos vendo é um massacre da candidata do Governo, principalmente na própria TV.

Alguém acha possível uma correção de rota na propaganda tucana? Ou a eleição presidencial já são favas contadas?

domingo, 22 de agosto de 2010

[Republique-se] Circo e Política II

Falamos aqui em março da política como palco para ditos "artistas" e "celebridades"...

Aí estão alguns registros:













Como podem ver o cardápio de pão e circo é variado, faz parte do jogo democrático, mas quem julga e elege é o cidadão... veremos em outubro quem irá pra Brasília!





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segunda-feira, 22 de março de 2010

Circo e Política!

 
Fonte imagem: http://catalogodeindisciplinas.files.wordpress.com/2009/10/dia-do-circo-2879-72dpi-juvenal.jpg

No blog do Fernando Rodrigues (http://uolpolitica.blog.uol.com.br/) hoje foi postado uma lista com os nomes da celebridades que devem concorrer ao Congresso (veja abaixo):
"Uma lista muito curiosa apareceu hoje no site especializado “Congresso em Foco”: as celebridades que devem disputar algum cargo na eleição de outubro, sobretudo vagas no Congresso. Eis a lista:

- Romário (PSB), ex-jogador de futebol.
- Edmundo (PP), ex-jogador de futebol.
- Dedé Santana (PSC), humorista de “Os Trapalhões”.
- Netinho (PCdoB), cantor e apresentador.
- Sérgio Malandro (PTB), humorista e apresentador.
- Márcio Braga (PMDB), cartola do Flamengo.
- Vanderlei Luxemburgo (PT... de Tocantins), o ex-técnico da seleção brasileira
- Vampeta (PTB) ex-jogador da seleção e do Corinthians.
- Sérgio Reis (PR), cantor e ator.
- André Gonçalves (filiado ao PMN), ex-Casa dos Artistas.
- Kleber “Bambam” (PTB), ex-Big Brother Brasil.
- Maguila (PTB), ex-boxeador.
- Eduardo Braga (PTB), filho do “rei” Roberto Carlos".

O que acham os amigos blogueiros sobre essa relação das celebridades com a política? Além desses, vocês conhecem mais algum famoso que deve disputar as próximas eleições?

domingo, 15 de agosto de 2010

[Republique-se] Minas e Rio serão decisivos na corrida presidencial II

* Em 20/07/2010

Os dados da última pesquisa Datafolha revelam equilíbrio de Dilma e Serra na disputa dos colégios eleitorais de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

O eleitorado mineiro é de 14,5 milhões, 10,7% do país. O do Rio é de 11,6 milhões, 8,5% do total.

Lula venceu as duas últimas eleições ganhando com boa margem nesses Estados, e agora quem conquistará esses territórios.

Se pensarmos na disputa presidencial como o tradicional jogo de guerra - WAR, temos hoje Dilma muito perto de conseguir a missão de conquistar o Nordeste; já José Serra estaria também bem adiantado com suas tropas para conquistar o Sul.

Em todo país existem regiões que costumam ser vitais para que o candidato obtenha sucesso, vamos acompanhar como petistas e tucanos trabalharão para a missão mais importante do jogo deles.
Por enquanto é uma incógnita se os eleitores mineiros e fluminenses definirão fazer parte dos exércitos vermelhos ou azuis.
 
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* Em 15/08/2010
A pesquisa do Datafolha de ontem aponta uma vantagem de 8% para Dilma, mas o mais importante não é isso. Importante é observar como em regiões estratégicas ela está em uma tendência de alta.
 
Exércitos vermelhos na frente da batalha

Ontem Alberto Almeida (autor de: "A Cabeça do Brasileiro" e "A Cabeça do Eleitor") postou em seu twitter que Dilma ganhará no 1º turno com 15 a 20 pontos de frente. Mesmo reconhecendo que essa opinião é bem ousada acredito que caminhamos pra isso, ou perto disso.

Os tucanos aguardavam a TV para reverter esse cenário, mas quanto mais a Dilma aparece e é conhecida pela população como a candidata do Lula mais ela cresce, e Serra até agora não apresentou nada de novo, nada que fizesse a maioria da população abandonar o aprovadíssimo governo LULA. 
 
(Aliás, tema para outro post é saber se essa direção da campanha de Serra a se comparar a Lula não é um tiro no pé, acreditam que o novo jingle dos tucanos chama-se sai Lula entra Zé, muito estranho!)

Voltando as regiões estratégicas que já comentamos aqui desde julho, Dilma hoje já aparece na frente no Sudeste - região que Serra liderava antes. O tucano vence hoje apenas na região Sul do país.

Os estados de RJ e SP tão disputados até mês passado, Dilma abriu 41 a 25 entre os cariocas, e 41 a 34 entre os mineiros. Em PE a petista chega a 55% contra 22%.

Hoje Serra está vencendo, nos principais colégios eleitorais, em SP, PR e RS, mesmo assim a diferença principalmente em SP e RS já foi maior.

Enfim, minhas fichas hoje estariam todas apostadas em uma continuidade da administração petista, restou aos tucanos rezar para uma subida de Marina com o horário na TV para que ainda cheguem vivos no 2º turno.

Vamos aguardar o próximo cenário em meio ao horário eleitoral gratuito.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Minas e Rio serão decisivos na corrida presidencial

Os dados da última pesquisa Datafolha revelam equilíbrio de Dilma e Serra na disputa dos colégios eleitorais de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

O eleitorado mineiro é de 14,5 milhões, 10,7% do país. O do Rio é de 11,6 milhões, 8,5% do total.

Lula venceu as duas últimas eleições ganhando com boa margem nesses Estados, e agora quem conquistará esses territórios.

Se pensarmos na disputa presidencial como o tradicional jogo de guerra - WAR, temos hoje Dilma muito perto de conseguir a missão de conquistar o Nordeste; já José Serra estaria também bem adiantado com suas tropas para conquistar o Sul.

Em todo país existem regiões que costumam ser vitais para que o candidato obtenha sucesso, vamos acompanhar como petistas e tucanos trabalharão para a missão mais importante do jogo deles.
Por enquanto é uma incógnita se os eleitores mineiros e fluminenses definirão fazer parte dos exércitos vermelhos ou azuis.

sábado, 19 de junho de 2010

"O eleitor brasileiiro está apto a cuidar de si"

A frase acima é o título da coluna de Marcos Coimbra da edição 600 da Carta Capital.

Vale a pena reproduzir abaixo para os amigos blogueiros:

Eleger/Escolher

Já passa da hora de acabar com o paternalismo com que nossas elites veem o eleitor popular e de passar a respeitar o que ele quer. O eleitorado está apto a cuidar de si mesmo

por Marcos Coimbra, em Carta Capital

É possível olhar os eleitores brasileiros e vê-los de duas maneiras. Podemos considerar que são pessoas perfeitamente capazes de fazer escolhas, de assumir a responsabilidade por seus atos e de arcar com as consequências. Mas podemos ver o inverso, indivíduos incapazes de escolher racionalmente, que agem sem medir o impacto de suas decisões e que ignoram onde elas os conduzem.
Na primeira hipótese, tudo é mais simples na construção institucional. O desafio é encontrar os meios que assegurem a todos a possibilidade de exercer sua capacidade de escolha. Fundamentalmente, por meio da ampliação do acesso à educação e à informação. Daí em diante, a bola está com eles. Se escolherem bem, serão premiados.
Se não, pagam o preço estipulado. Combinado não é caro.
Se, no entanto, supomos que os eleitores são incapazes, temos um complicado problema de criação de garantias institucionais para protegê-los. Em última instância, de si mesmos. Se não conseguem fazer escolhas racionais, é necessário estabelecer anteparos que os defendam de sua irracionalidade.
Se a premissa é a incompetência do eleitor, precisamos de instituições tutelares. Como não consegue fazer as coisas certas, ele carece de quem o guie. Alguém superior, imbuído de instinto protetor. Que ocupe postos no Estado, por exemplo, no Judiciário e no Ministério Público, ou que esteja na própria sociedade. Talvez na imprensa, onde três em cada quatro jornalistas acham que sabem o que é bom para o eleitor.
Andamos muito no caminho da consolidação democrática nos últimos anos. Provavelmente mais nos 25 anos depois do fim da ditadura que nos primeiros cem de República. Em quase tudo mudamos para melhor no plano político.
Nosso eleitorado cresceu em tamanho, enquanto aumentou seu nível médio de escolaridade. Os segmentos de muito baixa escolaridade diminuíram e cresceu a participação das pessoas com mais tempo de escola. Neste ano, os eleitores com mais que o antigo curso ginasial, ou seja, com acesso ao segundo grau ou mais, serão perto de 50% do total. Os jovens nas famílias de baixa renda têm cerca do dobro da escolaridade de seus pais e quase quatro vezes mais que a de seus avós.
Enquanto aumentou, impulsionada pela escolaridade, a possibilidade de consumo da informação, ampliou-se em muito sua oferta, seja em mídias tradicionais (jornais populares, tevê a cabo, emissoras especializadas em notícias etc.), seja, especialmente, nas novas. Hoje a proporção de domicílios de renda menor com (bom) acesso à internet supera todas as expectativas que tínhamos há poucos anos.
O eleitorado envelheceu, à medida que o desenvolvimento trouxe a queda da natalidade e a elevação da expectativa de vida. Os eleitores mais maduros (com mais de 40 anos) já são quase a maioria. Deixamos de ser o país dos jovens.
Na política, isso quer dizer que não somos mais o país dos eleitores inexperientes. Com a estabilização institucional, sem golpes, sem intervenções autoritárias, as pessoas- foram aprendendo, na prática, o funcionamento da democracia. Hoje, votar tornou-se normal, não é mais um bicho de sete cabeças. Depois de ir às urnas duas,- três, dez vezes, o eleitor aprendeu as manhas das eleições e dos candidatos.
Apesar de todas essas mudanças, apesar do quanto amadureceu o eleitor brasileiro (adquiriu experiência, tornou-se mais informado e mais interessado), nossas elites teimam em vê-lo como um incapacitado. Insistem em tratá-lo como um bobo.
Nossa legislação eleitoral e nossos tribunais acham que cabe a eles o trabalho de proteger os eleitores das más influências. Andam com a ideia fixa de que precisam poupá-lo da “antecipação da campanha”, da propaganda “exagerada”. Vai ver alguns acreditam que o povo não sabe mesmo votar, que não consegue discernir.
Nossos juízes e procuradores que fiquem tranquilos. Os eleitores estão perfeitamente aptos a cuidar de si mesmos. Quando querem, punem os que fazem campanhas agressivas, excessivamente dispendiosas, os que forçam a barra, os que querem que eles engulam qualquer coisa.- Quem ouve a manifestação das pessoas nas pesquisas não tem razão para achar que elas carecem de proteção. Já passa da hora de acabar com o paternalismo com que nossas elites veem o eleitor popular e de passar a respeitar o que ele quer.
Os amigos concordam com ele? Vocês enxergam o eleitor brasileiro como capaz de fazer suas escolhas? Ou acham que são, em sua maioria, alienados?