"O marketing não é uma batalha de produtos, é uma batalha de percepções." (Al Ries)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Chegou o dia! (não deveremos ter surpresas)

Por motivos de aperto de rotina não pude dividir com os amigos minhas percepções sobre o 2º turno das eleição presidenciais de 2010.

De qualquer forma, fica a sensação que o eleitorado brasileiro perdeu muito seu tempo nessa segunda etapa com baixarias, provocações, discussões sobre besteiras, e uma péssima e tendenciosa cobertura da mídia!

Tudo isso para chegarmos no mesmo resultado do 1º turno, vitória da candidata do Lula, Dilma Roussef.

Diferente do 1º turno, quando os institutos de pesquisa tiveram muitas dificuldades para identificar as tendências do eleitorado - muito até pelo número de cargos e confusão do próprio eleitor; no 2º turno todas as empresas de pesquisa apontam para uma mesma tendência, e chegam nos últimos dias de campanha apontando mais de 10% de diferença para a candidata do governo.

Sobre essa polêmica das pesquisas, repudio totalmente esse movimento de banalização das pesquisas eleitorais no Brasil, erros acontecem, incompetências acontecem, mas usar isso eleitoralmente como justificativa de derrota é, no mínimo, ignorância!

Veja trecho de Palestra de Chico Santa Rita (críticas as campanhas)

 
ANÁLISE RESUMIDA DAS CAMPANHAS:

Depois de uma campanha morna, cheio de erros quanto ao marketing político, principalmente no início, alguém acredita que essa mesma equipe de Serra vire mais de 10 milhões de votos em dois dias? Eu não acredito!

Sobre a campanha de Dilma, no 2º turno deixou a estratégia de não se preocupar com os adversários e começou a bater mais forte, principalmente nas críticas sobre as privatizações. 

O trabalho de marketing de sua campanha tinha a tarefa mais fácil, que era a de manter uma tendência forte de aprovação do governo Lula, com esse conteúdo advindo do atual governo creio que o eleitorado encontrou mais conteúdo nessa campanha. 

Digo mais, o eleitor está vendo (e a maioria) gostando do atual governo, parece que a tendência natural seria mesmo a eleição do candidato da situação!

Fica aqui um registro de minha decepção com a campanha de Serra, por mais que em termos de contexto político tenha partido de uma situação desfavorável, podemos apontar campanhas que foram derrotadas mas que fizeram excelentes trabalhos de comunicação com o eleitor (quem não recorda do "Lula lá", "Bote fé no velhinho", etc) mas pergunto aos amigos, o que ficará lembrado na campanha de Serra?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Estratégias para o 2º turno

1ª) Começa em entender o que levou a eleição para o segundo turno, sim, os quase 20 milhões de voto da Marina, mas a pergunta é: qual é o perfil desse eleitorado?

Não foram apenas os "verdes" que frearam o crescimento de Dilma, foram os: 

- religiosos conservadores; 
- aqueles que rejeitam a figura de Serra e de Dilma; 
- ex-petistas inconformados com a versão pragmática do partido;
- eleitores a-partidários que ficaram assustados com o caso Erenice.

2ª) Se o eleitorado flutuante é esse listado acima (além daqueles que não votam no 1º turno) é errado pensar que assim que Marina Silva ou o presidente do PV anunciarem seu apoio já poderemos passar a faixa presidencial para o agraciado, calma lá!

O eleitor não age com essa homogeneidade e pensamento coletivo como alguns parecem pensar, tanto que os dois candidatos já começaram suas campanhas nesse turno com uma veia moralista lá em cima, com o objetivo de começar a captar o voto religioso que foi pra Marina.

O debate sobre o aborto não é debate das posições pessoais ou partidárias dos concorrentes, mas sim, um cálculo do que esses eleitores querem ouvir.

3º) Dessa forma, a estratégia adotada precisa pensar em se defender, ou seja, em não perder eleitor para o rival direto:


- Se a equipe de Dilma conseguir fazer isso naturalmente leva grande favoritismo, pois precisa de captar apenas mais 3, 4 milhões de eleitores;

- Já a turma de Serra, apesar da felicidade de ser içado ao 2º turno, possui uma tarefa herculea pela frente. Para os tucanos não basta uma declaração de apoio da Marina, faz-se necessário também a cooptação de um bom número de eleitores que votaram em Dilma no 1º turno.

Falo isso, baseado no que foi dito no ponto 2, os eleitores não vão seguir igual carneirinho indicação de apoio, 60% deles ou mais devem partir para uma nova análise do cenário eleitoral no 2º turno.

4º) Cenários:

- Dilma, mais do que o apoio de Marina (que claro seria muito bem vindo!) precisa é de passar confiança para retomar eleitores que a deixaram após o caso Erenice. E também para convencer os eleitores tradicionais/românticos do PT que preferiram Marina no 1º turno (é o caso da maioria dos artistas e intelectuais). 

Talvez seja esse o motivo da postura firme, e mais agressiva, de Dilma no debate da Band.
- Serra já levantou a bandeira da moralidade atrás dos votos conservadores / religiosos;


Sua campanha também não bate no presidente Lula porque acredita captar votos de quem gosta do governo Lula mas considera Dilma inexperiente.

O fato é que, por mais que a mídia tenha noticiado o 1º turno como se fosse uma derrota da candidata do PT, a diferença a ser tirada não é pequena... quase a mesma que Alckmin teria que ter tirado em 2006.

Por isso, fatos novos são bem vindos para a campanha tucana, e a estratégia é por Dilma em descrédito como pessoa sem experiência política, sem condições de controlar seu partido, e sem clareza de ideias.

A questão é... isso será suficiente para virar mais de 13 milhões de votos?

(imagens dos candidatos do site: www.terra.com.br)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Onda Verde leva eleição presidencial para o 2º turno!

Dilma e Serra disputarão o segundo turno das eleições para presidente do Brasil, mas a vitória do dia 03 de outubro de 2010 foi de Marina Silva!

A candidata do Partido Verde chegou a exatos 19 milhões 636 mil e 335 votos; muito acima do que esperavam os institutos de pesquisa.  Dessa forma, Marina foi responsável por Dilma não conseguir atingir 50% + 1 dos votos válidos.

Serra teve a votação esperada e Dilma um pouco menos, cerca de 2 a 3% abaixo, mas chegou a bem próximo do que Lula conseguiu no 1º turno de 2006. E convenhamos que para a debutante em eleições não pode ser considerado um mal desempenho... acho que ultimamente muitos vinham se esquecendo que Dilma é Dilma, e Lula é Lula.

Voltando a vitoriosa do domingo de 1º turno eleitoral, Marina teve méritos nessa votação expressiva. Depois de um começo titubeante - chegando a dizer a asneira que não precisaria do Marketing Político em sua campanha... contratou Paulo de Tarso (o homem do "Lula lá" de 1989) e junto da personalidade verdadeira da candidata corrigiram a rota e subiram nessa "onda verde".

(Aliás tô cansando de ouvir pessoas sem conhecimento nenhum, inclusive na imprensa, que fazem uma dicotomia entre naturalidade do candidato x trabalho do consultor de marketing político - santa ignorância! O trabalho de Paulo com Marina é um exemplo de trabalho de exposição do candidato como ele realmente é!)

Essa verdade passada no trabalho de marketing da Marina foi um forte fator da adesão dos eleitores  a sua campanha. Aliás, alguns se arriscam a dizer que mais dez dias a situação de Serra poderia se complicar...

A questão é ...esses que se dizem "marqueteiros" (expressão já pejorativa) que acham que podem inventar imagem de candidato do nada, vender pro eleitor uma coisa que o candidato não é, em regra geral, esses péssimos profissionais, dão com a cara na parede.

O trabalho da campanha do PV foi o melhor na internet (principalmente no twitter), conseguiu conquistar os jovens, um nicho religioso importante, e os votos daqueles que não queriam entrar na polarização PSDB e PT.

Portanto, o que vimos nas urnas não é mágica... é fruto de um bom trabalho, e de uma candidata que tinha conteúdo, que tinha o que dizer ao Brasil, e disse!