"O marketing não é uma batalha de produtos, é uma batalha de percepções." (Al Ries)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Voto é razão ou emoção?


Nas experiências e estudos sobre o comportamento do eleitor essa talvez seja uma das maiores polêmicas.

Marketólogos, acadêmicos, políticos e interessados no assunto não se acabam em enormes discussões sobre a determinação do voto pela razão ou emoção do eleitor.

O que os amigos do blog pensam sobre isso? Como avaliam as determinantes do voto?

Os profissionais mais voltados para o universo acadêmico costumam ter uma queda sobre a "teoria da escolha racional", e acabam buscando razão para qualquer tipo de decisão do eleitor. (Exemplo: beneficiários do Bolsa Família votam em Lula porque estão ganhando algo com ele, e querem continuar assim).

Por outro lado, aqueles que costumam se envolver nas campanhas relutam em reforçar a importância do aspecto emocional nas eleições, ainda mais para o brasileiro. (Exemplo: quem se lembra da ex-mulher do Lula que apareceu na campanha de 1989? E a campanha de FHC trabalhando o medo dos eleitores (com atuação de Regina Duarte) do que seria um governo LULA?)

Outro ponto interessante desse debate vem sendo as pesquisas realizadas (principalmente fora do país) que relacionam a decisão de voto com a neurociência. Lavareda comenta sobre isso, em seu livro "Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais". O estudo do cérebro das pessoas nesse momento de escolha do candidato ainda terá papel fundamental para nós, profissionais de marketing político.

De qualquer forma, o que proponho aqui é abrir esse debate... o quanto podemos mensurar a racionalidade ou o sentimentalismo na escolha de voto de um eleitor?

10 comentários:

  1. Acho que escolher um candidato deveria ser um ato racional, após a análise meticulosa do perfil do candidato: propostas anteriores, comportamento político e social, etc.
    Posso afirmar, entretanto, que sou muito emocional, tenho que sentir simpatia para optar por esse ou aquele político.
    Felizmente, consigo separar o joio do trigo, não me deixando iludir por um sorriso bonito e/ou uma presença elegante, o que é muito comum entre algumas mulheres (e alguns homens também).

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  2. Bom dia Neli,

    muito interessante seu comentário, aliás muitas(e muitos) se deixaram levar pelo sorriso bonito de um jovem alagoano em 1989...

    Agora, por mais que tentemos ser o mais racional possível nessa escolha, existem elementos (internos e externos) em uma campanha que afetam (muitas vezes de forma inconsciente nosso emocional) nosso voto. A propaganda "Grávidas" do Duda Mendonça em 2002 ilustra bem isso.

    Ainda, é bastante complicado separar as informações objetivas daquelas trabalhadas justamente para afetar o emocional das pessoas em época de campanhas eleitorais, por isso que é muito difícil de medir em que as pessoas estão se baseando para escolha de seu candidato.

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  3. Caro Professor Thiago,

    Penso que deve haver um equilíbrio (ou pelo menos deveria) nos extremos da racionalidade e do sentimentalismo. Lamentavelmente esse equilíbrio não parece ser característica brasileira.
    Mesmo que exista uma série de fatores que possa nos influenciar, ainda sim, acredito eu, que temos o privilégio de estarmos condicionados (alguns de nós) a fazer uma análise do candidato a qual escolhemos. Ainda bem que, mesmo sendo poucos em um país, temos condições de votar racionamelte.
    É inevitável e triste perceber que a maioria da população não tem condições e muito menos preparo para diferenciar razão de emoção na hora do voto. Por esse motivo, ainda veremos muita gente se deixar levar... seja com ex-mulher de petista ou não, sempre haverá formas de induzir emocionalmente o povo; e eu espero sinceramente, que um dia isso possa mudar!
    Resta-nos, como pequena parcela, exercer de maneira correta aquilo que é, entre razão e emoção, nosso direito: a escolha de nossos governantes.

    Bom tema para um longo debate em sala de aula...

    Nayara C. G. Pereira

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  4. Oi Nayara, seja bem vinda!

    Entendo o que disse, mas sem querer por mais lenha nessa fogueira entraremos em outra polêmica, será que o voto racional é sempre qualitativamente superior que o emocional?

    Exemplo: alguém que vota racionalmente em um candidato, porque na verdade ele sempre ganha algo dele como um saco de cimento, tijolo, etc...
    E podemos encontrar alguém que vota emocionalmente em um candidato por ele ser representante de uma causa, como ambientalistas votarem em Marina Silva pela causa ambiental.

    Portanto, acho complicado definirmos o voto mais emocional como um voto de pior qualidade, você não acha?

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  5. Para mim é uma escolha racional, nem sempre ótima, porque engloba escolhas "sub-ótimas". Escolhas aparentemente emocionais tem frequentemente um pano de fundo baseado em "valores" que ditam as ações cotidianas do eleitor e o fato de serem valores não reduz as escolhas a atos irracionais!
    Há sempre uma balnça interna, o que eu ganho com isso? O que eu perco? Ainda que em abordagens macro como no caso das causas diversas...

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  6. Oi Milena,

    bem-vinda ao debate!

    Interessante sua colocação, o que você chama de escolhas sub-ótimas está relacionado com os diversos valores que os indivíduos cultivam.

    É nesse âmbito que o Marketing Político trabalha, pois sabemos que independente do nível de consciência do eleitor ao votar... essa escolha nunca consegue ser influenciada apenas pela esfera da racionalidade.

    Quando um consumidor escolhe a coca-cola, se envolve em uma série de valores e não apenas a racionalidade de quero o melhor refrigerante. Com o candidato isso é ainda mais amplificado!

    Obrigado e volte sempre!

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  7. Mais sobre emoção e voto: falam em entrevista ao portal Terra - Manhanelli e FHC (post do blog do Manhanelli, Vejam:

    http://marketingpolitico-manhanelli.blogspot.com/2010/04/entrevista-ao-portal-terra.html

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  8. Certamente se analisarmos dessa forma estaremos entrando em um outro ponto do debate.
    "Alguém que vota racionalmente em um candidato, porque na verdade ele sempre ganha algo dele..." Não concordo. Por exemplo, eu curso meu ensino superior pelo Prouni, e nem por isso posso afirmar que votarei em Dilma. O Governo Lula me beneficiou com um de seus programas, mas não acredito que só por isso eu tenha que votar no candidato do PT.
    Da mesma forma que não consigo encarar que o voto feito a favor de uma causa defendida pelo candidato seja um voto totalmente emocional... se há fundamentos, torna-se algo concreto, ao meu ver.
    Na verdade, eu torno a dizer, o ideal é o equilíbrio entre esses extremos, e isso se busca por meio do conhecimento que tenho a respeito do candidato. Eu preciso saber em quem estou votando, sua história dentro e fora da política, o que defende, o que já fez, o que pretende fazer, entre outras coisa. Ao descobrir esses aspectos estarei fazendo uma análise racional. O sentimentalismo não dá espaço para essas descobertas.

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  9. Oi Nayara,

    uma coisa é voto consciente outra é racional, buscar uma maior consciência ao votar não quer dizer que a pessoa tenha que ser um robô e defini-lo apenas pela racionalidade.

    O que estou querendo dizer é que a emoção está presente em todas as nossas escolhas, e isso não é negativo sempre! Pode ser positivo também!

    Agora, inegavelmente formamos nossas decisões em esferas de valores (como diria Max Weber) para que possamos dar sentido as nossas ações sociais... as vezes mais racionais, outras mais afetivas ou tradicionais. E todas essas esferas constituem a vida social.

    Por isso, não considero que um voto 100% racional será sempre um voto melhor! É importante que tenhamos valores, sentimentos, e que eles nos ajudem a escolhas tão importantes como a do voto.

    Caso contrário, poderíamos até justificar aqui o voto em um político tecnicamente competente mas desonesto, não seria um voto racional?

    Abraço e obrigado por enriquecer nosso debate, volte sempre!

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  10. Interessante essa questão de "esfera de valores". Com essa explicação consegui perceber melhor sua colocação. Obrigada pelo esclarecimento, professor!
    Parabéns pelo blog!

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