"O marketing não é uma batalha de produtos, é uma batalha de percepções." (Al Ries)

terça-feira, 16 de março de 2010

A Lógica da Cabeça do Eleitor

No excelente livro de Alberto Almeida ("A cabeça do eleitor") são enumerados seis fatores que formariam a lógica do eleitor:
1. A avaliação do governo;

2. A identidade dos candidatos;

3. O nível de lembrança (recall) dos candidatos;

4. O currículo dos candidatos e se eles utilizam-no para mostrar ao eleitor que podem resolver o principal problema que aflige o eleitorado;

5. O potencial de crescimento dos candidatos, que combina a rejeição de cada um deles com seu respectivo nível de conhecimento;

6. E o fato de não ser possível contar com os apoios políticos, ou seja, popularidade e simpatia não se transferem.

Esses fatores são todos identificados nos diagnósticos e pesquisas, que em sua maioria não são publicadas, usadas para orientação da estratégia dos candidatos. Isso ajudará muito a definir ganhadores e vencedores, daí que a economia dessas atividades costumar sair muito caro para os candidatos e partidos.

Fator 1 - desde a aprovação da reeleição, a maioria dos mandatos passou a ser de 8 anos na prática, perder as eleições bem avaliado tem que ser feita muita bobagem pelo candidato que tenta a reeleição (ganhamos em Dom Cavati/MG de um prefeito do PT com altíssima aprovação, mas com toda certeza foi o trabalho mais árduo de todos, e que ainda teve que contar com tropeços e besteiras dos addversários);

Fator 2 e 4 - os candidatos precisam mostrar vinculação, identidade com a população, ou pelo menos parte dela nos cargos legislativos. Um candidato que não é líder de nada, que não se destaca em nenhum setor está fadado ao fracasso;

Fator 3 - nível de lembrança conta muito também, muitos já faziam piada com as tentativas de Lula à presidência, mas ele manteve um eleitorado fiel e um recall importante em cada eleição disputada. Ou seja, às vezes o candidato não só perde com a derrota, algumas derrotas trazem benefícios. (Na campanha de São João do Oriente-MG ganhamos com um candidato que já estava em sua terceira tentativa, alguns aspectos dificultam mas o recall ajudou bastante!)

Fator 5 - o potencial de crescimento é importantíssimo, muitos soltam pesquisas hoje na mídia como se já estivessem definidas as eleições. Aliás ouvi muita gente dizer o ano passado que Dilma estava longe de ser uma candidata competitiva pelas pesquisas da época, ora como alguém pode ter alta intenção de voto sem ser conhecido;

Fator 6 - essa talvez seja uma das maiores caixa-pretas do Marketing Político, a transferência de votos. Com certeza é muito mais fácil concorrer contra o candidato do prefeito, do que contra o próprio prefeito (como foi a campanha da prefeita Marinalva /Simonésia-MG em 2008). Agora nunca sabemos se um governo bem avaliado leva naturalmente as pessoas a não querer mudanças, ou se um político bem avaliado consegue sim transferir seus eleitores para o seu apoiado.

Devemos sempre questionar, o que chamam de transferência de votos parte realmente da popularidade do padrinho, ou na verdade entra aí também o fator 1 e as pessoas estão satisfeitas e não querem mudar o que estão ganhando com esse mandato?

Podemos dizer que Pitta foi eleito unicamente por Maluf? Que Dilma cresce nas pesquisas devido a transferência feita por Lula? 

Por outro lado, em BH 1996 um governo bem avaliado de Eduardo Azeredo não conseguiu eleger Amicar Martins, na mesma BH, Virgílio Guimarães não conseguiu ser eleito com apoio de Patrus Ananias. Em SP na crista da onda do Plano Real e FHC, Serra ficou atrás de Pitta e Erundina... e em 2000 Alckmin perdeu para Marta e Maluf.

Mais estudos e "cases" precisam ser desenvolvidos em nosso marketing político para que possamos ter maior compreensão desse fenômeno, provalvelmente as eleições presidenciais desse ano será o maior deles.

E aí, o que pensam os colegas de blog, ponham a mão na caixa-preta e participem da discussão!

2 comentários:

  1. Nossa...Esse assunto em especial me deixou muito feliz...Thiago quando vc cita a eleição da Prefeitura de simonésia e complementa com ênfase na duvida de uma boa avaliação de certo governo em ser eficaz pelo trabalho de profissionais de marketing que leva o governante que por sua vez faz o eleitor pensar em mudanças ou seus eleitores a se tornarem seu apoiado...Enfim, exelente colocação..
    Vale lembrar e modesta parte falo com muita alegria que nenhuma ramificação do Marketing ou otras aéreas atua tão bem o Marketing de Guerra ou como otros gostam de falar Marketing de Guerrilha.
    As eleições são literalente um campo de batalha onde o que se está como pano de fundo todo trabalho de idéias e estratégias para convencer a cabeça do eleitor.
    E deixar uma pergunta para refletir:
    O que seria de Adolf Hitler sem os esrfoços de sua acessoria que hoje chamamos de Marketing Político?

    Wesley Marcos
    Profissional de Marketing

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  2. Wesley,

    no caso de Simonésia, a boa avaliação da administração não vinha de trabalho de marketing... isso praticamente não existia na administração anterior.

    O prefeito anterior fez dois mandatos naquele velho estilo populista, sem contar com equipe preocupada com o Mkt Político (o que foi ótimo pra gente!)

    Quando pegamos a campanha da Marinalva (atual prefeita), no primeiro diagnóstico já constatamos que apesar da boa avaliação da administração existia uma grande vontade de mudança, ou seja, as pessoas estavam cansadas daquele grupo no poder... tanto que o ex-prefeito não conseguiu eleger seu candidato (que era seu vice). O que aconteceu ao longo da campanha é que largamos na frente, e controlamos bem essa condição até o fim!

    Concordo com você no exemplo da propaganda nazista, ela já trazia: entretenimento; buscava atingir o emocional; manifestações de massa militarizada; uso de símbolos, música, gestos; e a utilização sistemática dos meios de comunicação de massa.

    Grande parte desses elementos são utilizados pelo Marketing Político hoje, mas felizmente,na maioria das vezes, em sistemas políticos democráticos!

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