"O marketing não é uma batalha de produtos, é uma batalha de percepções." (Al Ries)

quarta-feira, 24 de março de 2010

E quem não precisa de um Consultor Político (Marketólogo)?

Entrei aqui hoje decidido a escrever sobre a aberração que saiu da equipe da candidata Marina Silva, após ler o post do blog da colega de ABCOP Gil Castillo me senti totalmente representado, e acho que o melhor a fazer é compartilhar com vocês essa excelente aula aos ignorantes que pretendem realizar uma campanha presidencial.

QUEM PRECISA DE UM MARQUETEIRO? - Por Gil Castillo
Esta semana vários jornais publicaram as declarações dos coordenadores da campanha da Senadora Marina Silva de que ela não terá um “Marqueteiro“, porque querem apresentar a candidata como ela é, sem mudar seu visual, ou sem “pirotecnia”, por exemplo. E daí, senti-me na obrigação de escrever algumas palavras. Vamos lá:
O Marketing Político tem sido a grande “Geni” nacional: sinônimo para definir jogadas escusas, fabricação de candidatos enlatados e artifícios pouco louváveis de manipulação do eleitor.
Mas, será esta uma arma tão poderosa, usada contra um eleitor tão frágil, que sucumbe passivamente à sua força? Bem, nem uma coisa, nem outra: nem o Marketing Político pode tudo, nem o povo é isento de percepção e capacidade de decisão. Muito pelo contrário: assim como em qualquer segmento do Marketing, ele fundamenta-se no estudo dos movimentos do mercado. E no caso do Marketing Eleitoral, esse mercado a ser estudado é, obviamente, o eleitorado. É com base numa extensa análise dos anseios, das tendências, das necessidades desse mercado, que um candidato deverá ser apresentado. Lembrando que o candidato não é um produto racionalmente desenvolvido, mas uma pessoa, com passado, história, ações, personalidade que não podem ser fabricados. E cujos atributos, que devem ser respeitados, podem ou não estar em sintonia com o que o eleitor espera, dependendo de uma infinidade de variáveis.
Nesse mar de estigmas é que entra em cena o famoso personagem chamado “Marqueteiro“, ora visto como um mago onipotente, ora como um oportunista que aparece apenas nas eleições. Mais uma vez, aqui, cabem algumas explicações, a começar pela própria palavra “Marqueteiro“. O profissional de Marketing é denominado Marquetólogo. Se atua na área política, esse especialista também pode ser chamado de Consultor Político.
Marqueteiro” é um termo pejorativo. Surgiu como referência aos aventureiros que se lançavam, sem muito conhecimento de causa, pelas vastas águas do Marketing. Aos poucos, esse termo foi associando-se exclusivamente a quem “mexe com política”. Não é difícil entender o porquê e nem condenar essa confusão, afinal realmente, em épocas de eleição, aparece uma horda de pseudo-especialistas, que imaginam ter encontrado o Eldorado nas campanhas eleitorais. Junte-se a isso, o fato de que a classe política é um dos segmentos sociais com menor credibilidade e está feita a confusão.
O Marquetólogo ou o Consultor Político, como queiram chamar, é um profissional altamente especializado e qualificado que vai aplicar a ciência Marketing a serviço da política. Sua atuação não se restringe à época eleitoral, mas neste período, especificamente, domina e aplica as técnicas do Marketing Eleitoral. Precisa ter o conhecimento global das várias áreas que compreendem essa empreitada e que vão desde as pesquisas, até a comunicação. Não é ele quem manda no candidato, não é ele quem aparece mais que o candidato, mas é ele quem orquestra todas essas frentes, orientando a campanha como um todo e sua expertise é fundamental para atuar à frente de um verdadeiro exército de Brancaleone, formado por pesquisadores, publicitários, jornalistas, profissionais de rádio e TV, etc, etc.

Ninguém critica o papel de um maestro, nem de um treinador de futebol, por exemplo, pois é consenso que, apesar dos talentos individuais, é necessário alguém que unifique e estabeleça um caminho único, respeitando os atributos já existentes, se me permitem fazer essa comparação. Ou ainda, se preferirem: ninguém enfrenta um júri, sem a orientação de um advogado, ninguém submete-se a uma cirurgia sem a orientação de um médico, assim como ninguém enfrenta outro exército sem as estratégias de um general, para utilizar uma analogia bélica.
É preciso entender que, quanto mais conseguirmos desmistificar a imagem equivocada que tem o Marketing Político e seus profissionais, mais ganharemos em transparência em nosso constante exercício de Democracia. É um equivoco também acreditar que a figura do Consultor Político é uma coisa do Brasil. Estados Democráticos no mundo todo vêem nesses profissionais importantes contribuições. Ditaduras não combinam com o Marketing Político.
Aqui no Brasil, há 20 anos, a Abcop-Associação Brasileira de Consultores Políticos ocupa o papel de defender o exercício sério e ético dessa profissão, nos mesmos moldes de outros importantes representantes de classe no mundo todo, como a Alacop-Associação Latinoamericana, a AAPC-Associação Americana, a EAPC-Associação Européia, e a IAPC-Associação Internacional de Consultores Políticos.
Ao final dessa reflexão, pelo menos num ponto preciso concordar com a coordenação da campanha da Senadora Marina Silva: eles não precisam de um “Marqueteiro“. Mas precisam urgentemente de um Consultor Político.

Voltarei nesse espaço a tratar desse assunto, principalmente, daqueles que se escondem atrás do estigma do "marqueteiro" para impedir uma profissionalização (inevitável!) das campanhas e administrações públicas, e dessa forma continuam (tranquilos!) a praticar aquelas velha (e nefasta!) política  tão conhecida em nosso país!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Circo e Política!

 
Fonte imagem: http://catalogodeindisciplinas.files.wordpress.com/2009/10/dia-do-circo-2879-72dpi-juvenal.jpg

No blog do Fernando Rodrigues (http://uolpolitica.blog.uol.com.br/) hoje foi postado uma lista com os nomes da celebridades que devem concorrer ao Congresso (veja abaixo):
"Uma lista muito curiosa apareceu hoje no site especializado “Congresso em Foco”: as celebridades que devem disputar algum cargo na eleição de outubro, sobretudo vagas no Congresso. Eis a lista:

- Romário (PSB), ex-jogador de futebol.
- Edmundo (PP), ex-jogador de futebol.
- Dedé Santana (PSC), humorista de “Os Trapalhões”.
- Netinho (PCdoB), cantor e apresentador.
- Sérgio Malandro (PTB), humorista e apresentador.
- Márcio Braga (PMDB), cartola do Flamengo.
- Vanderlei Luxemburgo (PT... de Tocantins), o ex-técnico da seleção brasileira
- Vampeta (PTB) ex-jogador da seleção e do Corinthians.
- Sérgio Reis (PR), cantor e ator.
- André Gonçalves (filiado ao PMN), ex-Casa dos Artistas.
- Kleber “Bambam” (PTB), ex-Big Brother Brasil.
- Maguila (PTB), ex-boxeador.
- Eduardo Braga (PTB), filho do “rei” Roberto Carlos".

O que acham os amigos blogueiros sobre essa relação das celebridades com a política? Além desses, vocês conhecem mais algum famoso que deve disputar as próximas eleições?

quinta-feira, 18 de março de 2010

Considerações - Pesquisa CNI / IBOPE p/ presidência

A pesquisa divulgada ontem nos revela alguns parâmetros para a campanha presidencial:

CENÁRIO 1 (SERRA) / CENÁRIO 2 (AÉCIO) 

Dilma chegou a 30% na estimulada e está consolidada na disputa. Os números de Ciro e Marina estacionados revelam que teremos uma disputa polarizada, alguém duvidava disso?

CENÁRIO SEM CIRO GOMES

Com a saída de Ciro Gomes, existe uma distribuição bem uniforme de seus possíveis eleitores para os outros candidatos. Ou seja, por enquanto não sabemos quem lucra com a participação do Ciro, e quem ganhará com sua possível saída.

ESPONTÂNEA

Dilma aparece com 14% na espontânea, 4 pontos na frente do Serra, vendo que Lula lidera até hoje, vê-se um reflexo do padrinho, e o conhecimento maior de que ela é a candidata do Lula. A questão é: será que a candidata governista conseguirá andar com as próprias pernas?

Já Serra cai mais um pouco, por um lado a insegurança devido a não confirmação de sua candidatura pode provocar grande prejuízo no futuro, entretanto,  mesmo sem assumir abertamente que é candidato ficar nesse patamar de 30% não é nada mal, desde que em campanha Serra tenha coelhos na cartola pois já é um político bastante conhecido nacionalmente.

Enfim, essa história que pesquisa nessa época do ano não vale nada não passa da página 2. Realmente, intenção de voto deve ser relativizada, mas os retratos tirados a cada pesquisa já servem de munição para as estratégias dos candidatos, principalmente os dados e pesquisa não divulgados e usados internamente pelas equipes de campanha.

Uma coisa é certa, teremos uma disputa concentrada em dois candidatos. Parece que será inevitável o plebiscito (tão sonhado pelo confiante presidente Lula!). Mas se por um lado, as comparações de governos PT x PSDB poderá favorecer Dilma, o debate de currículos (experiências políticas e administrativas) pode ser de grande valia para Serra. Veremos como isso será trabalhado pelas campanhas! 

Imagens: blog do Fernando Rodrigues - http://uolpolitica.blog.uol.com.br/

terça-feira, 16 de março de 2010

A Lógica da Cabeça do Eleitor

No excelente livro de Alberto Almeida ("A cabeça do eleitor") são enumerados seis fatores que formariam a lógica do eleitor:
1. A avaliação do governo;

2. A identidade dos candidatos;

3. O nível de lembrança (recall) dos candidatos;

4. O currículo dos candidatos e se eles utilizam-no para mostrar ao eleitor que podem resolver o principal problema que aflige o eleitorado;

5. O potencial de crescimento dos candidatos, que combina a rejeição de cada um deles com seu respectivo nível de conhecimento;

6. E o fato de não ser possível contar com os apoios políticos, ou seja, popularidade e simpatia não se transferem.

Esses fatores são todos identificados nos diagnósticos e pesquisas, que em sua maioria não são publicadas, usadas para orientação da estratégia dos candidatos. Isso ajudará muito a definir ganhadores e vencedores, daí que a economia dessas atividades costumar sair muito caro para os candidatos e partidos.

Fator 1 - desde a aprovação da reeleição, a maioria dos mandatos passou a ser de 8 anos na prática, perder as eleições bem avaliado tem que ser feita muita bobagem pelo candidato que tenta a reeleição (ganhamos em Dom Cavati/MG de um prefeito do PT com altíssima aprovação, mas com toda certeza foi o trabalho mais árduo de todos, e que ainda teve que contar com tropeços e besteiras dos addversários);

Fator 2 e 4 - os candidatos precisam mostrar vinculação, identidade com a população, ou pelo menos parte dela nos cargos legislativos. Um candidato que não é líder de nada, que não se destaca em nenhum setor está fadado ao fracasso;

Fator 3 - nível de lembrança conta muito também, muitos já faziam piada com as tentativas de Lula à presidência, mas ele manteve um eleitorado fiel e um recall importante em cada eleição disputada. Ou seja, às vezes o candidato não só perde com a derrota, algumas derrotas trazem benefícios. (Na campanha de São João do Oriente-MG ganhamos com um candidato que já estava em sua terceira tentativa, alguns aspectos dificultam mas o recall ajudou bastante!)

Fator 5 - o potencial de crescimento é importantíssimo, muitos soltam pesquisas hoje na mídia como se já estivessem definidas as eleições. Aliás ouvi muita gente dizer o ano passado que Dilma estava longe de ser uma candidata competitiva pelas pesquisas da época, ora como alguém pode ter alta intenção de voto sem ser conhecido;

Fator 6 - essa talvez seja uma das maiores caixa-pretas do Marketing Político, a transferência de votos. Com certeza é muito mais fácil concorrer contra o candidato do prefeito, do que contra o próprio prefeito (como foi a campanha da prefeita Marinalva /Simonésia-MG em 2008). Agora nunca sabemos se um governo bem avaliado leva naturalmente as pessoas a não querer mudanças, ou se um político bem avaliado consegue sim transferir seus eleitores para o seu apoiado.

Devemos sempre questionar, o que chamam de transferência de votos parte realmente da popularidade do padrinho, ou na verdade entra aí também o fator 1 e as pessoas estão satisfeitas e não querem mudar o que estão ganhando com esse mandato?

Podemos dizer que Pitta foi eleito unicamente por Maluf? Que Dilma cresce nas pesquisas devido a transferência feita por Lula? 

Por outro lado, em BH 1996 um governo bem avaliado de Eduardo Azeredo não conseguiu eleger Amicar Martins, na mesma BH, Virgílio Guimarães não conseguiu ser eleito com apoio de Patrus Ananias. Em SP na crista da onda do Plano Real e FHC, Serra ficou atrás de Pitta e Erundina... e em 2000 Alckmin perdeu para Marta e Maluf.

Mais estudos e "cases" precisam ser desenvolvidos em nosso marketing político para que possamos ter maior compreensão desse fenômeno, provalvelmente as eleições presidenciais desse ano será o maior deles.

E aí, o que pensam os colegas de blog, ponham a mão na caixa-preta e participem da discussão!

domingo, 14 de março de 2010

Apresentações, Logos Consultoria e o Marketing Político

Dizem que quando somos picados pela "mosca azul" da política não tem volta. 

Essa expressão parece ter vindo do jornalista Sertório de Castro que definiu a teimosia de Rui Barbosa ao concorrer (e perder) pela terceira vez a presidência do Brasil em 1919. Epitácio Pessoa venceu aquela eleição, mesmo passando a campanha eleitoral inteira em viagem pela Europa.

Mesmo antes de iniciar minha graduação em Ciências Sociais na UFMG, me lembro de menino com 9 anos, em 1989, sair perguntando para todos em quem iriam votar naquele ano: Lula, Collor, Brizola, Mário Covas, Maluf, Afif, Ulysses Guimarães, Roberto Freire, entre outros.

Durante o curso enfatizei muito a Sociologia e a Ciência Política em minha formação, professores de Partidos e Eleições me são marcantes até hoje, como Carlos Ranulfo e Fátima Anastasia. Além disso, me apaixonei pela pesquisa e desde muito cedo já trabalhava com estudos acadêmicos, de mercado e políticos.

Juntamente com o mestrado em Sociologia criei a Logos Consultoria e Pesquisa, que já está quase chegando aos seus cinco anos, com muito sucesso. A Logos atua com pesquisas de todos os tipos, mas também atende hoje consultorias empresariais, de gestão pública e marketing político.

Os estudos, palestras e cursos realizados no Mkt Político serviram de boa preparação, e tiveram inspiração principalmente no prof. Carlos Manhanelli (presidente da ABCOP), além de participação em eventos nos quais tive oportunidade de aprender com Chico Santa Rita, Rubens Figueiredo e Rodrigo Mendes. Hoje tenho a honra de também ser associado à ABCOP (Associação Brasileira de Consultores Políticos).

A verdade é que a "mosca azul" já fez seu trabalho, e em 2008 pude (à frente da Logos) realizar minhas primeiras coordenações de marketing político em três campanhas para prefeituras em MG, e uma para vereador também em MG (em outras oportunidades contarei suas respectivas histórias), mas o que importa nessa primeira apresentação é dizer que conseguimos 100% de vitórias.

Ou seja, além da excelência em pesquisas, em mais de 70 realizadas, tivemos um nível de assertividade superior a 90%, e pudemos contribuir via marketing político com os nossos candidatos sendo eleitos. 

E é com muito prazer que realizo esse trabalho que envolve "estratégia de guerra", a arte de "administrar uma campanha", planejamento, acompanhamento das percepções dos eleitores, aliados e adversários, o diagnóstico através das pesquisas e fabricação do remédio na dose certa (senão ele pode virar veneno e se voltar contra você), além de vários outros ingredientes.

Vamos falar aqui também de corrida presidencial e estadual que teremos esse ano, além de impressões sobre tudo o que envolve esse mundo do marketing da conquista, da ocupação e consolidação do poder conquistado.

Enfim, estão todos convidados a discutir aqui mais que um ofício, uma paixão: o marketing político!